13 de setembro de 2014

Retóricas do rei prudente

Alonso Sánchez Coello
 «Felipe II das Espanhas, vestido como Filipe I de Portugal»
 (1580)
Yo lo heredé, yo lo compré, yo lo conquisté. Yo lo heredé, porque me lo resolvieron muchos doctores; yo lo compré, para evitar repugnan-cias; yo lo conquisté, para quitar dudas. Y como lo heredado, compra-do y conquistado es de quien lo heredó, compró y conquistó, de la misma manera Portugal por todas las cabezas es mío, y no de la señora Catalina, que no lo heredó, ni lo compró, ni lo conquistó como yo…
ANÓNIMO, Arte de furtar (1652: XVI, ix, 116)

3 comentários:

  1. São curiosas as interpretações que os litigantes seguiram para defender a precedência na ordem de sucessão dos seus candidatos aos reinos e senhorios da coroa portuguesa, após a morte do cardeal Henrique em 1580. Olhando a frio e a uma distância confortável, até parece que Filipe II de Espanha lá teria as suas razões. Era o mais velho dos netos de D. Manuel I e dos sobrinhos de D. João III, enquanto D. Catarina de Bragança era a mais nova de todos os pretendentes. O filho de Isabel de Portugal e de Carlos V bem pode dizer que se tornou Filipe I de Portugal por herança validada, por compra legítima e por conquista irrefutável. E assim vingou a ordem monárquica entre nós nas décadas e centúrias seguintes, a bem dos povos e contentamento das nações. Depois veio a ordem republicana e libertou-nos de toda esta trapalhada. O povo não sente a falta das cabeças coroadas e as nações lá acabaram por se habituar à situação. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como diria o épico no seu papel de lírico impenitente.

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  2. A monarquia morreu, viva a república!
    (Se possível a IV.ª, que a III.ª já foi destruída pelos filhos da mãe...)

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  3. O interessante é o princípio absoluto de "herdar, comprar e conquistar" ter assumido outro significado nos nossos dias. Esta democracia está vendida a quem der mais...

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