20 de junho de 2015

O cavalo de Troia & os cifrões da Troika

MÁSCARA DE AGAMÉMNON
[Micenas, séc. xvi aec - Museu Nacional Arqueológico de Atenas]
Contam as lendas guardadas na memória dos povos que, em tempos que já lá vão, Agamémnon conseguiu unir todas as cidades-estado helénicas para derrotar um inimigo comum. Recorreu para tal ao pacto dos heróis assinado por todos aquando do casamento de Helena de Argos. Ao fim de dez anos de cerco, Troia caiu nas mãos do rei de Micenas e dos seus aliados aqueus. A ajuda do cavalo de madeira imaginado pelo e engenho e arte de Odisseu, o rei de Ítaca, foi precioso. A mais bela mulher alguma vez nascida na terra foi arrebatada ao raptor, o príncipe Páris de Ílion, e restituída ao legítimo marido, o rei Menelau de Esparta.

A história foi cantada por Homero na Ilíada e na Odisseia, as duas epopeias compostas pelo aedo e rapsodo jónio nos finais do século oitavo antes da era comum. Iniciou assim o período arcaico da literatura grega antiga e matriz inaugural da cultura ocidental atual. As forças confederadas do subcontinente europeu atravessaram o mar Egeu e obtiveram uma vitória decisiva no subcontinente asiático. As portas do Helesponto e do Bósforo estavam abertas e o acesso ao Ponto Euxino assegurado para os vindouros, através das águas mar de Mármara. A hegemonia do Mediterrâneo oriental acabava de ser obtida com a conquista da Tróade.

Volvidos mais de três milénios sobre o confronto de gregos e troianos um outro se vive agora entre gregos e troikanos. A UE que deveria demonstrar uma lealdade para com um dos seus estados-membro virou-lhe as costas. O cerco dos credores será muito mais célere a tomar a cidade de Atenas. Contra os cifrões da Troyka não há cavalo de Troia que lhe valha. Todavia, sempre é bom acreditar que os sobreviventes do poder imperial macedónico, romano, bizantino, otomano e nazi consigam levar a melhor sobre o poder financeiro do FMI, BCE e CE. A bem da Grécia e da Europa, que os descendentes divinos de Heleno ajudaram a fundar.      

2 comentários:

  1. Enquanto cidadâ da Europa, não me conformo com a casmurrice dos dois lados.
    Admiro e respeito demais a Grécia e a sua cultura e história milenar, para aceitar que a Grécia saia do euro e zangada com a UE.
    Mas, que diabo, o povo grego, tem que assumir os seus erros! Nunhum banco lhe apontou uma arma à cabeça para os obrigar a aceitar o dinheiro, que tal como para nós, fluíu a rodos em dada altura!

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  2. O povo tem de aceitar o inevitável, como sempre acontece nestas circunstâncias. A pergunta que se deve também colocar é a de saber até que ponto teria podido impedir os empréstimos fabulosos recebidos em seu nome por quem então os (des)governava...

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