16 de setembro de 2015

A arte de saber contar

 ANDERE ANSICHT DER WELTKARTE
Daniel F., Arschkarte (2011)
Conta-se que no período quente da guerra fria se realizou uma corrida entre Kennedy e Khruschev. A crise dos mísseis cubanos estava ao rubro. Os ânimos assanhados. Os nervos à flor da pele. Os dois hemisférios separados pela cortina de ferro pretendiam saber quem era de facto o senhor do mundo.

Dizem os anais desportivos da época que o presidente dos EUA foi o primeiro a cortar a meta e o da URSS o segundo. A diferença de idades de quase um quarto de século entre um e outro terá estado na origem da vitória do mais jovem. Os mass media dos dois países reagiram todavia de modo distinto.

Para os norte americanos, a prova fora vencida pelo locatário da Casa Branca, tendo o inquilino do Kremlin sido o derrotado. Para os soviéticos, o camarada-presidente obtivera um heroico segundo lugar, enquanto o chefe do imperialismo internacional fora relegado para um humilhante penúltimo lugar.

As palavras e os números valem o que valem. Nos jogos de azar da política só há vencedores. Os empates técnicos miragens. As sondagens balelas. Duram enquanto duram. Saem mais depressa de cena do que entraram. Até que a roda da sorte volte à ribalta e a banha da cobra se volte a vender.

3 comentários:

  1. Texto giro e foto a condizer.
    Uma reflexão certeira.

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  2. Faço os possíveis por ser certeiro...por vezes lá acerto...

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  3. Um tema quente nesta altura do campeonato, com conclusões bem esclarecedores. Durante as minhas viagens como jornalista, fui-me dando conta que, na realidade, cada país ensina a história que lhe convém. Enquanto não crescemos - no que respeita à mente - não sabemos que somos diariamente manipulados. Há que estarmos bem atentos.

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