9 de março de 2016

O adeus à múmia...

Anúbis inclinado sobre uma múmia
[Túmulo de Sennedjem‎, Deir el-Medina -1300 AEC]
O jornal Público solicitou a seis figuras conhecidas da nossa praça que atribuíssem um cognome adequado ao então Chefe de Estado, nas vésperas deste trocar o palácio de Belém pelo convento do Sa-cramento em Alcântara. O Professor, o Estadista, o Presidente, o Crente, o Prudente, o Incoerente foram as sugestões apontadas. Epítetos politicamente corretos para serem divulgados sem ferir a suscetibilidade de ninguém em particular. Nenhum deles se atreveu a chamar-lhe a Múmia, o apodo com que a plebe o brindou com  in-sistência na fase terminal do duplo mandato presidencial.

Vox populi, vox dei. se fazem, se pagam. Assim rezam os provérbios para justificar os significados contidos nas etiquetas esco-lhidas para definir o perfil do mais alto dignitário do estado no desem-penho das suas funções. A outros chamaram sem pestanejar o Cabeça-de-Abóbora, o Caco-de-Vidro, o Chico-Rolha, o Bochechas. Referências caricaturais situadas nos limites admíssiveis da zomba-ria pura e do gracejo gratuito. Alcunhas baseadas em traços físi-cos/psíquicos de identificação imediata. O tal humor à portuguesa feito de escárnios e maldizeres seculares. Doa a quem doer.

O Presidente da República está de partidaLe roi est mort, vive le roi. Gritar-se-ia nos tempos da monarquia. Não deixou atrás de si fama de Boa-Memória, de Eloquente ou de Príncipe-Perfeito. Muito menos passará a fasquia inicial do Desejado para a final do Popular. As sondagens que todo lo pueden desmenti-lo-iam de imediato. Quem melhor cama fizer, melhor nela se deita. Quem semeia ventos, colhe tempestades. E por aí adiante. A sabedoria popular é incomensu-rável. O sucessor vem já com a reputação do Cata-vento. Veremos para que lado soprará o ar posto agora em movimento.  

1 comentário:

  1. O escárnio e o maldizer associados à sabedoria popular é obra... Vamos lá a ver o que se dirá do que tomou hoje, que bem tenta passar a imagem de "afeto", o que para mim significa que o Estado social deve ser uma realidade. Coisa que deixou de ser posta em prática há muito...

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