7 de fevereiro de 2018

Chá com Tê ou sem Tê...

Etimologias com Vista Alegre


CAMELLIA SINENSIS
plantacomestível árvore

É bem conhecida a história do five o'clock tea introduzido na corte inglesa pela infanta portuguesa Catarina de Bragança, quando se tornou a rainha de Sua Majestade Graciosa Carlos II Stuart. Já a contei aqui e aqui uma e outra vez. Só faltaria esclarecer como a camellia sinensis, conhecida entre nós por chá, se converteu no além-Mancha em tea. Mistério linguístico ou talvez não.

Conta uma versão mais apressada tratar-se duma leitura bastante evidente do sinograma chinês {茶}, onde o grafema latino {t} estaria de modo aparente inserido numa casa com telhado, chaminés e alpendres bem visíveis. Fantasia alimentada pela nossa ignorância quase absoluta da realidade cultural chinesa e de certo modo também da britânica. Chinesices exóticas no horizonte.

Afinal tudo se deve à realização fonética divergente dum mesmo logograma, que em cantonês e mandarim se pronuncia «chá» e em malaio «tê». O primeiro vocábulo terá sido ouvido pelos portugueses no Japão e o segundo pelos ingleses no sul da China, que assim o difundiram na parte oeste do continente europeu. Histórias antigas que a moderna filologia comparada tem ajudado a clarificar.

3 comentários:

  1. Ó, que interessante! Adoro chá, mas só de jasmim, verde ou preto.

    ResponderEliminar
  2. Interessante explicação, tão lógica! Os cantonenses e os chineses não tinham então uma louça em cerâmica tão bonita, que bem convida a uma boa chávena de chá com um "cake" que a Catarina de Bragança também acostumou os ingleses, não é?

    ResponderEliminar
  3. A Catarina de Bragança, como é tradicional na cultura portuguesa, a servir de mediadora entre o oriente e o ocidente, entre o norte e o sul, entre o local e o global. E bebamos em sua honra uma chávena de chá, de café ou até de chocolate...

    ResponderEliminar