31 de março de 2018

Os labirintos da solidão...

Octavio Paz
(1914-1998)
«Atado a mi vivir y desasido de la vida.»

EL PACHUCO Y OTROS EXTREMOS
«La historia de México es la del hombre que busca su filiación, su origen. Sucesivamente afrancesado, hispanista, indigenista, "pocho", cruza la historia como un cometa de jade, que de vez en cuando relampaguea. En su excéntrica carrera, ¿qué persigue? Va tras su catástrofe: quiere volver a ser sol, volver al centro de la vida de donde un día –¿en la Conquista o en la Independencia?– fue desprendido. Nuestra soledad tiene las mismas raíces que el sentimiento religioso. Es una orfandad, una oscura conciencia de que hemos sido arrancados del Todo y una ardiente búsqueda: una fuga y un regreso, tentativa por restablecer los lazos que nos unían a la creación.

» Nada más alejado de este sentimiento que la soledad del norteamericano. En ese país el hombre no se siente arrancado del centro de la creación ni suspendido entre fuerzas enemigas. El mundo ha sido construido por él y está hecho a su imagen: es su espejo. Pero ya no se reconoce en esos objetos inhumanos, ni tampoco en sus semejantes. Como el mago inexperto, sus creaciones ya no le obedecen. Está solo entre sus obras, perdido en un "páramo de espejos", como dice José Gorostiza.»
Octavio Paz, El laberinto de la soledad (1950)
NOTA
Festejemos o aniversário do nascimento de Octavio Paz Lozano, ocorrido há precisamente 104 anos na Cidade do México, num tempo em que o muro da intolerância se começa a perfilar no horizonte.

27 de março de 2018

Nuno Júdice, as encruzilhadas dos passos da cruz

«...a verdadeira história está nos romances, porque aí é onde o homem projeta a sua realidade, entre o que viveu e o que sonhou, sem qualquer preocupação de construir uma cena dominada pela verosimilhança...»
Nuno Júdice, Os passos da cruz  (2009)
Entre 1681 e 1703, Antónia Margarida de Castelo Branco (1652-1717) deu forma escrita a uma das mais polémicas autobiografias que os anais portugueses registam. A autora encontrava-se então no convento da Madre de Deus de Xabregas, em Lisboa, onde havia professado em 1679 com o nome de Sóror Clara do Santíssimo Sacramento. Até aqui nada de especial, se não se desse o caso da Fiel e Verdadeira Relação que dá dos sucessos de sua vida a criatura mais ingrata a seu Criador por obediência de seus Padres espirituais desvendar as razões que a haviam levado a submeter-se a um penoso processo de divórcio (1679) que a libertaria do calvário dum casamento desventurado de oito anos com Brás Teles de Meneses e Faro.

É verdade que o primeiro barroco português já tinha assistido a um outro processo de anulação de matrimónio católico (1668) ainda mais escandaloso, visto envolver os mais altos dignitários do reino. Nem mais nem menos do que as cabeças coroadas de D. Afonso VI e D. Maria Isabel Francisca de Saboia, os soberanos da recentemente instaurada Dinastia de Bragança. A impotência do rei para consumar os seus deveres conjugais e a incompetência desse mesmo rei para gerir os negócios do estado terão sido mais do que suficientes para acelerar a resolução do problema. As incapacidades do infeliz monarca são eficazmente superadas, quando o irmão, D. Pedro II, lhe sucede no trono e o substitui no leito, casando-se com a ex-cunhada.

Volvidos mais de trezentos anos, Nuno Júdice percorreu o relato da religiosa seiscentista e transformou a quase novela cortesã da sua existência numa novela completa quase exemplar, que intitulou Os passos da cruz (2009). Para tal, vistoriou com a máxima atenção os velhos arquivos nacionais (os reais e os inventados) à cata de documentos coevos comprovativos dos factos, calcorreou os lugares onde o drama foi sendo representado, imaginou histórias paralelas e teceu as linhas mestras dum romance quase histórico, em que as personagens convocadas se encontram nas encruzilhadas do espaço e do tempo, aquelas em que as sombras e os fantasmas do passado se confundem com as imagens e os rostos do presente.

O confronto entre a restauração da autonomia (1640-1668) e a recuperação da democracia (1974-1975) é constante. A acareação dessas duas revoluções encontra-se representada na novela/roman-ce (conto alargado) por duas mulheres visceralmente determinadas: Antónia e Rosa. Uma a recorrer aos braços protetores da igreja, a outra a acudir aos combates políticos do partido. Em ambos os casos, a confiarem nos segredos das duas poderosas instituições, a representante de Deus e a representante do povo. As duas lutadoras a confundirem-se uma com a outra, num completo desdobramento de personalidades, em que deixamos de percepcionar com clareza quando se trata de uma ou de outra. De quando se sai do domínio da história e se entra nos meandros da ficção, de quando se passa a fronteira que leva o sonho/pesadelo à realidade/ilusão. Pouco importa. Tudo se resume a um conjunto de variações barrocas sobre um tema único. Em termos simbólicos, os passos da cruz que todos nós teremos de dar ao longo desta nossa peregrinação pela vida, à procura de uma verdade que só logramos encontrar nas páginas fingidas dos textos literários, resultantes das pistas lançadas pelos autores e das soluções encontradas pelos leitores, todas elas diferentes (como é óbvio) entre si.

A relação seiscentista e o romance atual estão a propor as suas verdades. Sejam elas quais forem. Nenhum deles foi ou é um sucesso editorial de vendas, apesar do escabroso das histórias reveladas e dos expedientes narrativos seguidos. Leem-se, todavia, com muito prazer. A proposta de Antónia Margarida de Castelo Branco, por se tratar dum testemunho pessoal lavrado no feminino nos alvores da modernidade; a de Nuno Júdice, por ter trazido aos nossos dias pós-modernos o depoimento tão sentido de Sóror Clara do Santíssimo Sacramento. A parceria dos dois não podia ter resultado mais frutuosa.

NOTA
Trazido do Pátio de Letras no dia preciso que se cumprem 339 anos completos da profissão religiosa de Antónia Margarida de Castelo Branco e da sua entrada no convento da Madre de Deus em Lisboa.

21 de março de 2018

Luis Sepúlveda e a sabedoria do velho que lia romances de amor

«Antonio José Bolívar Proaño dormía poco. A lo más, cinco horas por la noche y dos a la hora de la siesta. Con eso le bastaba. El resto del tiempo lo dedicaba a las novelas, a divagar acerca de los misterios del amor y a imaginarse los lugares donde acontecían las historias.»
Luis Sepúlveda, Un viejo que leía novelas de amor (1989)
Mais de cinco milhões de exemplares vendidos. Nem menos. Assim reza a capa da edição de bolso que me serviu de prancha de lançamento para a descoberta do mais celebrado título de Luis Sepúlveda, O velho que lia romances de amor (1989). Como a grandeza dum livro não se mede nem pelo número de páginas que o autor compôs, nem pelo número de exemplares que o editor vendeu, resolvi tirar as teimas e lançar-me à leitura da obra, do anunciado e publicitado bestseller chileno. Como não gosto de alimentar preconceitos, estou confiante que este tipo de texto também pode ter qualidade. Depois, gostaria de continuar a confiar no Plano Nacional de Leitura, especialmente recomendado com a marca LeR+.

O argumento é simples de traçar e deixa-se resumir em poucas palavras. Fala-nos dum homem que encontrou um universo de referências mágicas encerradas nas páginas dos livros, todas elas à espera de serem percorridas lentamente pelo olhar atento de alguém que lhes dê a liberdade merecida. Antonio José Bolívar Proeño, o velho que lia romances de amor, elegeu aqueles que contam a história de duas pessoas que se conhecem, se amam e lutam por vencer as dificuldades que as impedem de ser felizes. Nada mais. Fê-lo conscientemente, depois de ter afastado outras temáticas menos tentadoras, menos reveladoras de verdades absolutas a que o seu estado de espírito sequioso de paz interior aspirava e a beleza feito de palavras escritas lhe transmitiam. No final de cada uma dessas viagens solitárias pelo mundo insondável da fantasia, o resultado é sempre o mesmo. Embriagante, inexcedível, insuperável. O mais extraordinário, é que se apercebeu que o acto de ler se podia repetir uma porção indescritível de vezes. A biblioteca que albergava essa fonte de prazer era inesgotável, fascinante, única. Sempre pronta para receber de braços abertos um amigo e lhe revelar os seus mistérios mais secretos.

O mesmo se não pode dizer, com a mesma propriedade, dos recursos naturais oferecidos, desde o início dos tempos, por esse paraíso terrestre em que a ação central do romance real que temos entre mãos se desenrola. A região amazónica, dadora incansável de vida, que a ciência das tribos nativas aprendeu a respeitar e a preservar como dádiva divina e a insensatez dos colonos forasteiros teima em avaliar e tratar como praga diabólica. Ao mundo selvagem dos indígenas aborígenes opõe-se o mundo civilizado dos alienígenas invasores. Pura ironia do autor. A forma pessoal que encontrou para denunciar os atropelos ecológicos que os seres humanos têm causado a esse imenso pulmão/coração da terra que ele tão bem conhece e como poucos tem defendido. A caça desenfreada ao grande gato malhado, à onça feroz que havia dado a morte a quatro exploradores do imenso sertão americano, acaba por ser perpetrada pelo protagonista da fábula. Não com o intuito fugaz de cometer um ato de vingança para com os companheiros desaparecidos, mas com a intenção firme de prestar um ato de justiça piedosa para com a fera ferida e espoliada do seu habitat natural pela cobiça desenfreada dos homens. É que antes de ter começado a ler histórias de amores fingidos, tinha aprendido com os Shuaras os segredos mais profundos da floresta e dos seres viventes que nela habitam. Tinha logrado ser como eles, mas nunca tinha conseguido ser um deles. Um mero pormenor de percurso com efeitos colossais. Por isso matara com uma arma de fogo e não com um dardo envenenado. Por isso lançara o corpo morto do felino às águas revoltas do rio e o viu afundar-se sem glória. Por isso se pôs a andar na direção de El Idilio, da sua choça e dos seus romances, que falavam de amor com palavras tão bonitas que às vezes lhe faziam esquecer a barbárie humana.

Lido o livro, aumentada uma unidade à cifra astronómica de volumes vendidos (quiçá lidos), declaro-me rendido às lições do texto. Espero que este meu encanto incondicional pela novelita seja contagioso e arraste muitos outros amantes das palavras bonitas a juntarem-se ao rol de todos aqueles que também gostam de ler romances de amor e demais géneros literários que a engenho e arte foi criando ao longo dos tempos, para proveito e deleite de todos nós.

NOTA
Trago para este espaço de leituras e escritas um texto tornado público na Pátio de Letras no início da década. Faço-o na momento em que se inicia a primavera no hemisfério norte, que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura - FAO instituiu como Dia Internacional das Florestas e que a UNESCO designou como Dia Mundial da Poesia. A temática tratada na romance assim o justifica.

14 de março de 2018

Papagaio de papel


ESTRELA COMETA - PAPAGAIO
Em tempos que já lá vão tive uma estrela colorida de papel de seda presa por um cordel. Quando lhe apetecia e o vento estava de feição, voava por cima da minha cabeça de criança maravilhada com o prodígio que tinha entre mãos. Vistas bem as coisas, tratava-se mais dum cometa do que duma mera estrela de pequena ou média grandeza. A longa cauda que a acompanhava marcava a diferença. Os laços pintados com todas as tonalidades do arco-íris que os meus olhos conseguiam identificar dava-lhe um porte majestoso difícil de descrever.

A memória dos meus cinco anos diz-me que a fiz com a ajuda do meu pai e irmão. Recortámos o papel em triângulos e os caniços em tiras delgadas. Colámos as asas com uma pasta feita de farinha e água. Deixámos secar e juntámos os laçarotes à cauda da tal estrela-cometa também conhecida por papagaio, pandorga ou raia. Atámos o cordel e pusemo-la a pairar num lameiro ventoso da serra do Caramulo. Elevou-se nos ares, galgou distâncias e chegou até mim, àquele que agora sou, guiada pela força das lembranças e uma boa pitada de imaginação.

7 de março de 2018

Jogos da cabra-cega ou das ovelhas vendadas

sheep with blindfold on

drawing by Saza

    O L H O S   T A P A D O S    


Dei comigo dias a trautear uma melodia com meio século de vida e que acabara de ouvir há pouco mais duma semana. O culpado é um jovem intérprete com ar de J. C. Superstar rendido aos fascínios da tatuagem. Fê-lo numa das eliminatórias do encontro anual de cantigas originais que a televisão pública promove há décadas para eleger aquela que a representará num certame mais amplo presidido pelas doze estrelas eurovisivas radiantes. A suspeita de plágio cometido pelo compositor-autor-cantor levou-me a viajar pelo sistema global de redes de computadores ligados entre si vulgarmente conhecido por Internet. O YouTube ajudou-me na tarefa. Ouvi o mesmo tema ser cantado em inglês e português. Pediam-me para abrir os olhos e os ouvidos. Fi-lo também para ouvir a canção do festival e só encontrei pequenas variantes nas palavras. Sobretudo quando o eu-acusador alerta o tu-acusado de olhar tudo e não ver nada.

Nestes jogos da cabra-cega, das ovelhas vendadas ou do maior cego é o que não quer ver, os universos da imitação até podem fugir ao anátema da má-fé afirmando que les beaux esprits se rencontrent. Caso contrário, que dizer do Arma virumque cano dos Italianos cantado por Virgílio na Eneida, parafraseado milénio e meio depois por Camões n'Os Lusíadas quando se propõe cantar As armas e os barões assinalados dos Lusitanos. Maneirismos clássicos quinhentistas elogiados nos manuais de literatura e malvistos nos comentários pós-modernistas das redes sociais contemporâneas. Os instrumentalistas do quarteto de cordas acompanhante ficaram de olhos tapados ao longo da performance, sem possibilidade de repetir o prodígio dos palcos do Multiusos de Guimarães nos do Altice Arena de Lisboa. A canção do fim levava em si o germe dum final sem honra nem glória. Ironia trágica própria dos dramas de antanho com fiéis seguidores nos hodiernos.

2 de março de 2018

Lídia Jorge, instruções para voar com um aeroporto em pano de fundo

«Arredores de um aeroporto, um terreno plano, baldio. Um homem ainda jovem aconchega um monte de terra. É um fim de dia, escurece. Quando termina o trabalho, pousa a enxada e olha em volta, vigiando o horizonte. Veste o casaco que estava por terra. Verifica a sua própria carteira. Coloca uns óculos de sol bem opacos, apesar de ser noite. Enquanto isso, uma rapariga, carregando uma mochila e um saco volumoso, aproxima-se. Caminha entre sonâmbula e determinada. Pega na enxada que se encontra no meio do espaço e começa a cavar. Quando dá pela presença do homem, interrompe a cavação. Olham-se, reciprocamente, desconfiados. Ele chama-se Emil, ela Laura, mas, entretanto, são apenas dois desconhecidos que se espiam. É ele quem quebra o silêncio. O diálogo é entretecido na base da desconfiança e do pressuposto.»
Lídia Jorge, Instruções para voar (2016)
Depois de ter lido uma e outra vez todos os romances e contos, de ter viajado pelo mundo encantado das histórias infantis e de ter seguido com espírito atento as reflexões críticas registadas em forma de ensaio, só me faltava bater à porta da dimensão dramática de Lídia Jorge e entrar decididamente nos meandros teatrais da sua arte cénica. Das duas peças levadas aos palcos de teatro, deixo temporariamente de parte A Maçon (1997), representada em Lisboa nos palcos do D. Maria II, por não ter encontrado até ao momento uma versão impressa em livro e me não ter ainda rendido à era mediática dos suportes digitais, que dão agora pelo nome up to date de e-books. 

Rendido ao apelo irresistível do papel a cheirar a tinta, optei então pelas Instruções para voar (2016), estreado na sala principal do Trindade em março de 2016 e publicado em simultâneo pela D. Quixote. Assisti à sua representação por essas datas no Lethes de Faro, cuja companhia residente, a ACTA, produziu o espetáculo com encenação de Juni Dahr e cenografia de Jean-Guy Lecat, ao abrigo do projeto internacional de educação pela arte Pegada Cultural, da Footprint Program. Este último contacto silencioso que fiz com as palavras escritas da obra permitiram-me rever de modo complementar os diálogos que já ouvira com palavras faladas. Aquelas que foram proferidas sob as luzes da ribalta pelos dois protagonistas em palco, o Luís Vicente e a Elisabete Martins, com a colaboração dum grupo de alunos da Escola Secundária Tomás Caldeira, aquela onde iniciei o meu percurso docente em meados da década de 70.

A coisa feita segue a estrutura duma tragédia helénica clássica, aquela em que os ecos dum ontem e anteontem longínquos são matizados pelos holofotes dos dias de hoje, virados todos eles para um amanhã sem horizonte à vista. A lei das três unidades aristotélicas é cumprida escrupulosamente com uma economia minimalista de meios que nem a trindade ateniense ousou representar nos séculos de ouro da cultura ática. Tudo se passa num único espaço cénico, num único tempo dialógico e num único incidente dramático. Dois estranhos encontram-se no descampado dum aeroporto internacional não identificado e explicam-se mutuamente os motivos que os levaram até ali. A estrutura convocada pela instância narrativa reparte o debate travado entre os antagonistas reparte-se por três episódios intercalados por um par de intervenções do coro. A condição de nómadas de Emil e Laura é traçado minuciosamente, tendo como ponto aglutinador de destinos distintos a figura tutelar da mãe. A presença inspiradora de Dioniso repercute-se nos dois mortais que o tentam imitar. Tanto um como outro defendem ter nascido duas vezes como o deus dos ciclos vitais, a prevista no início do seu percurso existencial e a conquistada ao longo da sua travessia pelas encruzilhadas do mundo. Ironia trágica que proporciona a catarse dos atores e a sua saída de palco a iniciar uma longa caminhada a perder de vista pelos espetadores.

Depois da descida da cortina imaginária sobre o tablado ou virada a última página do livro onde se atualiza e guarda a história de dois globetrotters do terceiro milénio, ficam-nos nos ouvidos as palavras repetidas uma e outra vez pelas vozes masculinas e femininas que dão corpo à voz coletiva do coro. Advertem os dois vagabundos forçados por circunstâncias alheias à sua vontade, o romeno e a portuguesa, para se manterem de olhos abertos, para não os arrancarem, para não inviabilizarem assim a capacidade de ver e de fazer o que vai acontecer. Conselho sábio de sinal antiedipiano, especialmente adequado a uma visão global desconhecida no universo helénico de Sófocles. Aquele em que a tragédia da justiça divina, a tragédia dos heróis solitários e a tragédia das paixões humanas se devem enfrentar com uma visão apurada, porque tudo aquilo que fazemos provém da vontade esquiva de sermos maiores do que o corpo e termos mais vida do que a vida.