22 de outubro de 2024

Deambulações dançadas, declamadas, cantadas e mimadas do coro dramático

Coro de jovens mascarados em frente a um altar de Dioniso.
Pintura de vaso duma cratera de coluna ática de figuras vermelhas, 480 AEC
[Basileia, Antikenmuseum e Sammlung Ludwig]

COROS, COREUTAS, COREGOS & CORIFEUS 

Nos tempos distantes dos poemas homéricos, havia no interior das cidades gregas espaços reservados aos festejos oficiais designados choros (χορός = dança). Os intérpretes dessas práticas religiosas, simbólicas ou miméticas, formavam um grupo variável de coreutas (χορευτές = dançarinos), regido por um corifeu (κορυφαῖος = cabeça de coro) e organizado por um corego (χορηγός = patrocinador).

Com o advento do drama (δραμα = coisa feita), esses cultores de ritos sagrados trocaram a ágora (ἀγορά = lugar de reunião) pelo teatro (θέατρον = lugar de visão). Surgiam no párodo (πάροδος = cortejo de entrada), instalavam-se na orquestra (ὀρχήστρα = lugar de dança) e partiam depois no êxodo (ἔξοδος = cortejo de saída). Hoje em dia, equivaleria ao usual correr das cortinas no início/final da atuação.

A voz coletiva e uníssona entoada pelos comentadores nas tragédias (τραγωδίες = cantos do bode), dramas satíricos (δράματα σατιρικά = cantos de sátiros) e comédias (κωμωδίες = cantos da aldeia) aprenderam a falar, a cantar e a agir, tornando-se gradualmente nos coralistas áticos, de imediato adotados cenicamente pelo classicismo romano antigo e renascentista moderno, caindo então em desuso.

Depois o coro que se limitava a dançar passou a ser o coral que se dedicou a cantar. Deixou de deambular passo a passo no espaço circular da orquestra e ocupou os proscénios renovados dos atuais auditórios erigidos à escala global. Fazem-se ouvir às diversas vozes dum único corpo, distribuídas pelos quatro naipes que formam a sua tessitura sonora, para proveito e deleite de quem canta e encanta.

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