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Assinatura de Afonso Henriques na Carta de Couto mosteiro de Tibães |
«Por isso, eu, Afonso, pela graça de Deus Rei de Portugal, prestei homenagem ao Papa, meu Senhor e Pai, nas mãos do Cardeal diácono D. Guido, Legado da Sé Apostólica. Constituo, pois, a minha terra como censual de S. Pedro e da Santa Igreja de Roma, com o tributo anual de quatro onças de oiro, e disponho de todos quantos, depois da minha morte, obtiverem desta terra, paguem anualmente o mesmo censo a S. Pedro.»Carta Claves Regni, de D. Afonso Henriques a Inocêncio II (13.12.1143)
«Em seguida, na verdade, tanto por cartas tuas, como intermédio de nosso venerável irmão João, Arcebispo de Braga, prometeste-nos também que tanto tu como os teus herdeiros haveis de pagar anualmente da mesma terra quatro onças de ouro ao Pontífice Romano.»Carta Devotiam tuam, de Lúcio II a D. Afonso Henriques (1.05.1144)
Para significar que o referido reino pertence a S. Pedro, determinaste como testemunho de maior reverência pagar anualmente dois marcos de oiro a Nós e aos nossos sucessores. Cuidarás, por isso, de entregar, tu e os teus sucessores, ao Arcebispo de Braga pró tempore, o censo que a Nós e a nossos sucessores pertence.Bula Manifestis probatum, deAlexandre III a D. Afonso Henriques (23.05.1179)
O rei morreu, viva o rei. Assim se dizia nas antigas monarquias e talvez se continue a dizer nas atuais. O mesmo se não pode dizer daquela que rege o mundo católico desde Roma. Entre a morte dum papa e a sua sucessão, há que realizar o obrigatório conclave cardinalício, sepultar solenemente o finado num local condigno do seu estatuto secular/espiritual, esperar a saída do fumo branco da chaminé da Capela Sistina, ouvir o anúncio oficial do nome eleito e proceder ao entronamento do novo soberano com toda a pompa e circunstância exigida pelo protocolo tradicional do Vaticano.
O apelo ditado pela feira de vaidades exige, sem lugar a escusas, que os mais altos dignitários da aldeia global marquem presença nas cerimónias mediatizadas à escala planetária. Reis e rainhas, presidentes e cônjuges, príncipes e princesas juntaram-se na Praça de São Pedro e seguiram ao vivo e a cores a história a acontecer minuto a minuto. Os mais altos dignitários portugueses não faltaram à chamada. Deixaram o dia da Liberdade e o das Eleições para trás e lá se perfilaram ordenadamente nas filas hierárquicas definidas pelo protocolo para serem vistos urbi et orbi.
O Presidente da República dum estado laico e respeitador de todos credos, como o nosso, justificou a presença com os seculares laços de amizade atestado pela Santa Sé para com a terra portucalense, reconhecida em 1179 como Reino soberano. Conversa fiada, dado que os documentos então lavrados nos dizem que a independência nacional passou a custar ao erário público a quantia anual de quatro onças de ouro, o que, ao câmbio moderno, daria algo como 12.000 €. Uma bagatela, mas, mesmo assim, bastante longe desse tal altruísmo esperado da Igreja de Cristo.

De facto…
ResponderEliminarEstranha independência esta que trocou a dependência do rei de Leão pela dependência do papa de Roma…
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