Gérard Aubry«Radioamateur dans sa station d'émission en 1989» |
MORDIDELAS MATINAIS DA COMERCIAL
Disponho dum terminal rodoviário no outro lado da rua onde moro. Dali partem 9 circuitos para todos os pontos da cidade e 6 linhas para as periferias. Sucedem-se uns aos outros com um intervalo de 1/4 de hora. Utilizo-os quase todas as manhãs e deixo-os descansar ao final do dia. A menos que o tempo de chuva me aconselhe a regressar a casa num deles. Caso raro por estas paragens.
Há cerca de um bom par e meio de anos, quando a rede foi renova-da, todos os veículos estavam munidos dum sistema sonoro de indicação das paragens, útil para quem vem de fora e não conhece a cidade. Foi um luxo de curta duração, rapidamente substituído por emissões de rádio de gosto duvidoso, sem dar ao passageiro a me-nor possibilidade de mudar de canal ou desligar o aparelho.
Ao ouvir os programas selecionados pelos motoristas, recordo-me dos tempos gloriosos da infância em que a telefonia ainda batia aos pontos a televisão. Continuo a ver a minha avó a ouvir os folhetins radiofónicos e o meu avô a seguir os relatos de hóquei. Por vezes havia a emoção do futebol ao domingo, no tempo em que o Benfica ganhava campeonatos da Europa ou se classificava para a final.
A EN, o RCP, a RR e os EAL ofereceram-me de mão beijada as vo-zes sem rosto da rádio. Para a palavra cantada e falada. Para as notícias de todo o mundo. As boas e as más. A toda a hora do dia e da noite, consoante a disponibilidade do momento. Através dos re-cetores com fios ou a pilhas. Depois, gradualmente, os gostos mu-daram e os tempos livres viraram-se para outros horizontes.
A minha rádio hoje está sediada na NET. O palavreado radiofónico cansou-me. Sobretudo aquele que sou obrigado a ouvir no mini bus com free WiFi on-board sem ser perdido nem achado. Que bom seria se os up to date autocarros da Próximo deixassem em paz as histórias já gastas e esfarrapadas do tal homem que mordeu o cão e deixassem simplesmente fluir a música purificadora do silêncio.
Há cerca de um bom par e meio de anos, quando a rede foi renova-da, todos os veículos estavam munidos dum sistema sonoro de indicação das paragens, útil para quem vem de fora e não conhece a cidade. Foi um luxo de curta duração, rapidamente substituído por emissões de rádio de gosto duvidoso, sem dar ao passageiro a me-nor possibilidade de mudar de canal ou desligar o aparelho.
Ao ouvir os programas selecionados pelos motoristas, recordo-me dos tempos gloriosos da infância em que a telefonia ainda batia aos pontos a televisão. Continuo a ver a minha avó a ouvir os folhetins radiofónicos e o meu avô a seguir os relatos de hóquei. Por vezes havia a emoção do futebol ao domingo, no tempo em que o Benfica ganhava campeonatos da Europa ou se classificava para a final.
A EN, o RCP, a RR e os EAL ofereceram-me de mão beijada as vo-zes sem rosto da rádio. Para a palavra cantada e falada. Para as notícias de todo o mundo. As boas e as más. A toda a hora do dia e da noite, consoante a disponibilidade do momento. Através dos re-cetores com fios ou a pilhas. Depois, gradualmente, os gostos mu-daram e os tempos livres viraram-se para outros horizontes.
A minha rádio hoje está sediada na NET. O palavreado radiofónico cansou-me. Sobretudo aquele que sou obrigado a ouvir no mini bus com free WiFi on-board sem ser perdido nem achado. Que bom seria se os up to date autocarros da Próximo deixassem em paz as histórias já gastas e esfarrapadas do tal homem que mordeu o cão e deixassem simplesmente fluir a música purificadora do silêncio.
Uma situação que entendo perfeitamente, pois também tenho levado muita surra de ruído com aspirações a música... Não consigo entender como, nos serviços públicos, tanto os condutores como os utentes se esquecem do respeito devido ao seu próximo! Continuação de boas caminhadas a pé, que é uma solução bem mais saudável e agradável!
ResponderEliminarDelicioso texto....
ResponderEliminarSou desse tempo...Sem saudosismos bacocos mas...sou...
A televisão entrou lá em casa muito cedo, porém iamos ouvindo alguma rádio. Hoje continuo a ouvir rádio, de manhâ cedo e às vezes no serviço. Gosto de notícias e de alguma música, oiço habitualmente a TSF. Durante
ResponderEliminaro mês de agosto, gosto de ouvir a repetição de um programa cultural, que no resto do ano é semanalmente transmitido aos sábados. A rádio mantém o seu lugar, tal como o livro em papel.