28 de agosto de 2017

Crónica estival duma bola-de-berlim

 BOLINHAS-DE-BERLIM 

Barquilheiros & Bolinheiros

Nas praias do oeste estremenho da minha infância e adolescência, gritava-se a plenos pulmões: Barquilheeeero, Bolacha Americana!... O pregão ecoava por entre as barracas de lona estampada com riscas coloridas. Aldeias de armar e desmontar todos os verões, com ruas de areia branca e vista para o mar azul.

Nas praias do sotavento algarvio das minhas maturidades pós-adolescentes, grita-se: Boliiiinhas, com creme sem creme, com alfarroba ou chocolate!... O pregão continua a ecoar por entre os guarda-sois garridos plantados a esmo ao longo da costa. Florestas estivais de abrir e fechar no areal à beira-mar.

Nas praias do sul pré-mediterrânico, começa a gritar-se: Saladiiiinhas de Fruta! O pregão ecoa solitário. Sem sucesso. A fruta come-se fresca em casa, a bolinha quente acabada de fritar. A bola-de-berlim continua rainha em terras republicanas. Mistérios gastronómicos dos sentidos que Pantagruel saberá explicar.

11 comentários:

  1. A gulodice é um dos pecados capitais mais difícil de combater. A bola de-berlim resiste até ao pregão que resolveu fazer-se ouvir com um som "brega"...

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  2. Nas praias do norte, nos meus tempos de menina, era mais a língua da sogra.

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  3. O vendedor de barquilhos, os verdadeiros, na Nazaré, aqui há... sei lá, 500 anos atrás! Era o sr. Manel! Massa parecida com a da bolacha americana, nada a ver com a língua da sogra!

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  4. Na Ilha de Faro o pregão é "Barquilhêro!". E ainda é o mesmo senhor de que me lembro desde sempre e que no resto do ano vendia as guloseimas à porta da Afonso III.

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  5. Sim, nas praias que frequentava, na Linha e na Costa, a bola de Berlim era a rainha, aqui, não teve sucesso. No verão passado ainda vi, pela primeira vez, mas este ano, não.

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  6. Quando comecei a frequentar as praias algarvias, o tempo que demorei até perceber o pregão "olha a ...linha breli "!

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  7. Saladinhas de fruta??? Não sabia dessa. Gostei do texto e já sabia bem uma dessas depois do almoço. Hummm.... bom apetite, lambareiros e literatos.

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  8. Isabel Trüninger de Albuquerque2 de setembro de 2017 às 18:39

    Ahahah mas que grande guloso, mas três até agora também não é nada. Só comia na praia da Foz do Arelho, essas e as da minha Mãe eram as melhores do mundo...

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  9. Até agora comi só uma o que quer dizer que não tenho ido muito à praia na hora da bolinha.

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  10. Maria da Conceição Andrade3 de setembro de 2017 às 09:39

    Prefiro as bolinhas sem creme!... Uma vez ou outra cedo à tentação. Com sol, calor, sal e mar - bolinhas; com chuva, frio, vento, outono-inverno - farturas ou castanhas! E sei que tenho um amigo que me acompanha!

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  11. Sem tirar nem pôr mas com um pequeno pormenor. Prefiro-as com creme mas não desdenho as outras. Tudo com moderação. Este verão comi três. Não é por aí que ponho em perigo o regime. Fora da praia, não lhes toco nem me lembro sequer da sua existência. As castanhas são bem mais apetitosas no outono e as farturas no inverno. Estas últimas, todavia, como-as em qualquer estação do ano. Não sou dado a esquisitices.
    Já ouvi apregoar a língua-de-sogra na Ilha mas nunca provei nenhuma... só o nome assusta...

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