5 de outubro de 2017

Da coisa pública ou de um só

 CÂNDIDO DA SILVA (?) - LITOGRAFIA ALUSIVA À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA (1910)

  República vs. Monarquia  


Faz 107 anos que a Monarquia multissecular lusitana (868-1910) de condes, duques, príncipes e reis foi substituída pela República dos presidentes. O princípio hereditário dos filhos-de-algo caiu por terra e o eletivo dos filhos-do-vulgo começou a ser testado desde então. A chefia do país perdeu o caráter vitalício feito à medida de um só para se subordinar à vontade de todos. O 5 de Outubro que hoje se celebra num feriado restaurado não é um número redondo nem bicudo. Representa o livre-arbítrio de escolher quem deve representar superiormente a res publica ou coisa  pública. 

Face aos recentes acontecimentos da Catalunha, pergunto-me se o divórcio conflituoso que separou as Coroas de Portugal e Castela em 1640 se teria resolvido com uma separação amistosa, caso Lisboa tivesse obedecido cegamente a Madrid. Se na altura tivéssemos seguido as orientações legalistas do Conde-Duque de Olivares, é bem certo que ainda hoje seríamos uma Monarquia subordinada aos Borbones hispânicos e aos ditames de Mariano Rajoy. Nem os Braganças lusitanos teriam ascendido ao poder no séc. xvii, nem sido substituídos pela República no séc. xx.

. Hola República. . Hola país nou . Hola EuropaAssim rezavam as bandeiras e os cartazes das arruadas de Barcelona. Uma nova República terá nascido na Catalunha. Um novo país terá ressurgido na Hispânia. Um novo estado terá emergido na Europa. A vontade já está estampada em forma de letra escrita e de palavra gritada em liberdade ao mundo. Hola llibertat. . Hola món. No dia em que se celebra o advento da coisa pública portuguesa contra a de um só, saúde-se o desejo referendado pela coisa pública catalã de mudar de paradigma. Que se diga: Adéu Borbó i hola República...

5 comentários:

  1. A nossa República mantém-se firme, a monarquia dos nossos vizinhos esboroa-se. A ver vamos.

    ResponderEliminar
  2. Penso que não será fácil para a Catalunha tornar-se numa República. Esperemos que não haja muito sangue

    ResponderEliminar
  3. Grata por esta análise tão pertinente, hoje, quando se celebra a implantação da nossa república.

    ResponderEliminar
  4. Viva a República!

    ResponderEliminar
  5. A luta contra os filhos-de-algo continua, mas espero wue o diálogo seja possível ao fim destes cinco séculos, para justificar a evolução da espécie...

    ResponderEliminar