Atahualpa Yupanqui - José Larralde - Jorge Cafrune |
Era un lindo caballo, mi caballo | Abría su relincho en la mañana, saludándolo al sol | Caracoleaba sobre el parche del camino cuando íbamos al pueblo | Y una noche, no sé qué le pasó, no sé qué le pasó | Y era un lindo caballo, mi caballo...
Zamba de mi esperanza | Amanecida como un querer | Sueño, sueño del alma | Que a veces muere sin florecer...
Quién me enseñó a ser bruto | Quién me enseñó, quién me enseñó | Si en la panza de mamá | No había ni escuela ni pizarron...
Entrei no universo mágico de Atahualpa Yupanqui ainda em Lisboa. numa época em que as rádios não se limitavam a passar a qualquer hora do dia e da noite música anglo-saxónica. Não me recordo bem do momento exato em que ouvi pela primeira vez a voz, a guitarra e os versos de Don Ata, ao ritmo tradicional cantado-recitado-dedilhado das payadas, chacareras, tonadas, valses, milongas, coplas e zambas argentinas. Os textos originais ou coligidos do ¡Basta ya!, do Duerme negrito e das Preguntitas sobre Dios já os teria lido e relido nos encontros semanais da Capela do Rato. Surpreendente. Depois gastei uma cassete magnética que uma amiga minha me gravara e oferecera, à força de tanto a reproduzir.
O fascínio por uma zamba cantada, recitada e trinada ao som duma guitarra criolla não deixou de crescer até hoje. Ampliou-se com as aprendizagens que as minhas amizades estremenhas de longa data me foram ofertando. Lembro uma incursão noturna pelas vastas planícies raianas de Olivença e da charla que tive com o meu amigo Fernando G. sobre os cantautores, pesquisadores, compiladores e divulgadores da cultura nativa argentina. Dos grandes vultos então referidos, fixei o de Jorge Cafrune. Já em Badajoz, comprei uma cinta do recém-descoberto El Turco que ainda ouço sempre que para aí estou virado. Delicio-me agora com os duetos partilhados com o jovem Marito na Virgen India. ¡Precioso!
A triangulação musical, recitada, entoada e silvada ao ritmo da zamba argentina, moldada pelos sentires dos aedos, vates, jograis atuais, culmina com José Larralde, El Cantor Orillero, ainda hoje ativo e a encantar-nos com o seu sentir profundo e pungente. Notei-o desde os primeiros acordes declamados e entoados do Hombre e das demais fachas incluídas no álbum a que dá nome. Os dialetos, falares e formas particulares de realizar a língua oficial do país andino-atlântico, imposta pelos invasores e conquistadores vindos do outro lado do mar 500 anos antes. Escutei-o religiosamente em terras hispânicas e escuto-o agora enquanto escrevo. Há paixões que vêm para ficar e perdurar. Afortunadamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário