Είμαι Ελληνίδα |
Nos últimos tempos, metade do mundo passou a identificar-se em francês com uma individualidade chamada à ribalta pelos fanatismos de toda a ordem pela outra metade do mundo. A declaração de solidariedade para com as vítimas mais mediáticas caídas em Paris passaram a estar gravadas em faixas expostas um pouco por todo o lado: Je suis Charlie, Je suis Ahmed, Je suis Yohav...
A expressão identitária que se transformou viral neste nosso mundo de realidades virtuais ganhou alguns cambiantes oportunistas de últi-ma hora. A estrutura matricial europeia assente no ideal da unidade na diversidade passou a ser refutada quando alguns dos seus cida-dãos residentes reescreveram as faixas com declarações de cariz confessional: Je suis Christian, Je suis Musulman, Je suis Juif...
A reação a estas manifestações públicas de identidade partilhada regida pela positiva não tardou a entrar em cena. Passou a definir-se por uma negativa ideológica que pretende pôr os pontos nos ii em nome do politicamente correto|incorreto. As frases curtas iniciais transmudaram-se em divisas programáticas claras: Je ne suis pas manipulable, Je ne suis pas terroriste, Je ne suis pas un hypocrite...
Este domingo vai decorrer na cidade onde vivo uma jornada de apoio a um dos povos mais carismáticos da aldeia global. Os cartazes vão afirmar que somos gregos. Testemunho louvável mas dispensá-vel, pois todos somos filhos da Hélada, berço ancestral da moderna cultura ocidental. O sentido do lema deveria ser então ampliado à escala humana: Je suis hellas, Je suis européen, Je suis libre...
Pois é, a nossa identidade greco-latina é inegável e disso temos o maior orgulho pois herdámos uma cultura muito rica. A solidariedade é compreensível, já que sentimos na pele os efeitos de uma grande austeridade, que muito mudou a nossa vida, a do povo, pois a dos ricos continua escudada atrás do sistema político-financeiro cada vez mais agressiva. No meu caso, direi mais: "Je suis une citoyenne du monde"! Cumpro os meus deveres como cidadã e bem que gostaria ver a "justitia" cumprir os requisitos prometidos em democracia, ou seja, a conformidade com o direito e a equidade...
ResponderEliminarTambém gostaria de me sentir um cidadão do mundo mas a realidade que nos rodeia está sempre a alertar-nos para dificuldade de assumir de pleno essa forma de liberdade total. A própria Europa está a ser transformada num local difícil acesso para todos. E não falo só na ditadura da austeridade que ultimamente entrou no vocabulário de todos nós. A unidade na diversidade está a ser posta em causa e a sua defesa tornou-se numa batalha de contornos muito complexos e demorados. Entretanto, continuo a optar pela derradeira série identitária do post. Je suis hellas, Je suis européen, Je suis libre...
ResponderEliminarÉ verdade, Prof. Mas até o afirmar "Je suis libre" ou "Je suis Européen" tem as suas limitações, precisamente pela contestação que referes à unidade na diversidade cultural. Quando vemos as principais cidades europeias a serem atingidas no seu âmago, a dúvida torna-se mais premente... No meu caso, de quem saiu da sua terra, "menina e moça" levada da sua casa, não há outro remédio senão assumir-se como cidadã do mundo. Pois a naturalidade é forte, está nos genes e no amor, mas a nacionalidade conta e muito!
ResponderEliminarSomos todos cidadãos dum mundo com um débito crescente de cidadania, chegando a atingir algumas margens localizadas da própria Europa. A liberdade ainda é o que temos de melhor mesmo quando os nacionalismos exacerbados pretendem pôr em causa o direito dos nativos dum país se integrarem em comunidades confessionais distintas. O ideal seria poder andar por aí sem se sentir fora de casa, de tropeçar com a tal unidade na diversidade e achar a coisa mais natural do mundo, de se compenetrar que só há uma terra e que todos somos seus cidadãos de pleno direito...
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