Clara Castagné, Enlèvement d'Europe |
HISTÓRIAS DA ALMA HUMANA & DO ESPÍRITO DO MUNDO
Interrogarmo-nos sobre a Europa significa, hoje, interrogarmo-nos sobre a nossa relação com a Alemanha.
Fomos, todos nós, ensinados a ver o Espírito do Mundo em grandes batalhões de soldados, e deveríamos aprender com Herder a surpreendê-lo também onde ele se encontra - ou parece - ainda dormente ou acabado de entrar na infância; talvez não estejamos verdadeiramente a salvo enquanto não aprendermos a sentir, com uma concretude quase física, que cada nação está destinada a ter a sua hora e que não há, em sentido absoluto, civilizações maiores ou menores, mas antes um suceder sazonal e de florações. Viver e ler significa pensar essa «história da alma humana» em todos os tempos e em todos os países que Herder queria traçar através das realizações da literatura mundial, sem sacrificar a ideia de uma universalidade perene dessa alma, mas também sem sacrificar a um único modelo nenhuma das formas, tão diferentes e várias, que a encarnarem; o amor pela perfeição da forma grega não levava Herder a desvalorizar os cânticos das festas populares da Letónia...
Claudio Magris, Danúbio (1986 | 2010: 37)
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