29 de maio de 2017

De sábio e de louco...

HIERONYMUS BOSCH

«A extração da pedra da loucura»

[Museo del Prado - Madrid - 1475-1480]
«Haverá coisa mais louca, dizem, do que adular o povo com uma candidatura, comprar os votos, conquistar os aplausos de tantos loucos, comprazer-se com as aclamações deles, deixar-se  levar em triunfo como um ídolo, ou estar no fórum como uma estátua? Acrescei a isto a ostentação dos nomes e cognomes. Acrescei as honras divinas prestadas a homúnculos, acrescei as cerimónias públicas em que são celerados tiranos. Tudo coisas louquíssimas, para se rir das quais não bastaria um Demócrito».
Erasmo de Roterdão, Elogio da loucura (1511, xxvii)

Taxa de demência dos grandes do mundo

Adolfo Hitler queria conquistar um império que durasse mil anos. Es-palhou a morte aos milhões durante doze anos e depois suicidou-se numa casamata de Berlim. Napoleão Bonaparte queria conquistar o maior império europeu de todos os tempos. Foi derrotado pelo general inverno e morreu envenenado no exílio Santa Helena. Filipe II foi o primeiro líder dum império global onde o sol nunca se punha. Faleceu entregue às suas mil maleitas no mosteiro-palácio do Escorial e o mundo não tremeu como se temia.

Die Welt ist ein Irrenhaus und hier ist die Zentrale. Le paradis des fous est l'enfer des sages. Cada loco con su tema. De sábio e louco todos temos um pouco, dizemos nós em português, língua familiar ao tio de D. Sebastião, o Desejado, pela Graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. Aquele que queria conquistar o Quinto Império do Mundo e desapareceu em Alcácer-Quibir.

The different sorts of madness are innumerable. Reza em inglês o provérbio árabe que se pode aplicar a todos os tiranetes do mundo, no idioma que mais se identifica hoje em dia com a globalização. Dizem os mass-media planetários que Donald Trump foi eleito o Rei dos Loucos (König der NarrenRoi des fousRey de los locosKing of the Fools) na parada do primeiro de abril deste ano em Nova Iorque. Mentira ou verdade, os incautos que se cuidem, pois a loucura anda por aí à solta, em liberdade.

2 comentários:

  1. Anda por aí à solta, mesmo. O que mais me assusta é o número de loucos que seguem um líder louco. Daí que Hitlers e companhias consigam atingir o seu desiderato...

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  2. De sábios e loucos todos temos um pouco diz o ditado, só que neste século, que ainda vai no inicio há mais loucos que sábios. Muitos julgam-se sábios e não se dão conta da sua loucura. Estamos entregues à sabedoria da loucura. Com tanta "sabedoria" louca à solta, ninguém se atreve a prever o futuro. Teremos que acabar com os loucos com sabedoria. Falta saber se será possível.

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