OPERA LYRA POST |
COROD'immenso giubilo | S'innalzi un grido: | Corra la Scozia | Di lido in lido; | E avverta i perfidi | Nostri nemici, | Che a noi sorridono | Le stelle ancor. | Che più terribili, | Che più felici | Ne rende l'aura | d'alto favor.Donizetti, Lucia di Lammermoor, 1835 (III, iii)
Primo atto: radio
Ouvi pela primeira vez cantar na íntegra uma ópera nos finais dos anos 60. Essa oportunidade foi-me dada pela Emissora Nacional 2, que à época fazia transmissões diretas do São Carlos, comentada pela crítica musical Maria Helena de Freitas. Coube-me nessa noite a Lucia di Lammermoor (1835), composta por Gaetano Donizetti com libreto de Salvadore Cammarano, baseada no romance histórico de Walter Scott, The Bride of Lammermoor (1819). Fi-lo noite adentro com a ajuda dum pequeno rádio de pilhas e duns auscultadores minúsculos. E é tudo o que a memória guardou desse debutto all'opera in musica.
Secondo atto: teatro
Na década de 70, a fortuna brindou-me com a dádiva de trocar as ondas hertzianas da telefonia sem fios pelos palcos de teatro de Lisboa. Substitui as estreias aristocráticas das companhias italianas do Teatro Nacional pelas récitas populares levadas à cena no Coliseu dos Recreios. Os tempos não davam para mais. Ainda tive a sorte de assistir a algumas produções da Companhia Portuguesa de Ópera no Trindade e a uma Antología de la Zarzuela no Tivoli integrada numa Semana de España em Lisboa. O que nunca cheguei a ver foi uma encenação ao vivo e a cores da Lucia de Lammermoor do Gaetano Donizetti.
Terzo atto: coro
A televisão, os discos e a Internet supriram em parte a inexistência quase absoluta de espetáculos de ópera fora da capital. Meio século passado, a situação poucas alterações sofreu. Outros valores mais altos se levantam neste conturbado início de milénio. Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha. Diz-se. Reencontrei-me há uns escassos quatro meses com a Lucia de Lammermor de Gatetano Donizetti no Grupo Coral da Universidade do Algarve. Estreei-me nestas andanças de tenor no «D'immenso giubilo», sempre à espera que nestas novas andanças pelo bel canto, a voz nunca me doa. Ecco!
Atti seguinte: immenso jubilo! Que a bela ópera te traga sempre muita alegria!
ResponderEliminarAssisti a vários espetáculos de ópera, no S. Carlos, nos anos oitenta, tinha por companhia uma amiga. Na mudança de Lisboa para o Funchal, atribulada por sínal, perderam-se os libretos... Só ficaram as emoções resultantes de assistir ao vivo a espetáculos maravilhosos. Só suplantado com certeza, pela alegria de participar...
ResponderEliminarTambém eu lamento profundamente ter perdido o rasto aos libretos de sala das temporadas de ópera organizadas pelo São Carlos – Coliseu, Trindade e Gulbenkian a que assisti com imenso júbilo na década de 70 e cujos ecos persistem nos dias que correm. Espero recuperá-los mais tarde ou mais cedo num qualquer arquivo nacional da música lírica que forçosamente terão de existir neste país para memória futura de tempos pretéritos.
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