9 de julho de 2018

Picasso e a Guernica a preto e branco com toques de bege e azul

 PABLO PICASSO - GUERNICA (1937) 

[Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía - Madrid]

Alegoria de guerra & paz

No ano em que a Guernica regressou a Espanha, fui visitá-la a Madrid. Estava então alojada provisoriamente no Casón del Buen Retiro, no coração da Cidade do Urso (1981-1992). Pintada por Pablo Picasso em 1937, na sequência do bombardeamento da cidade basca pelos aviões alemães da Legião Condor, ocorrida a 26 de abril desse ano, cumpriu um exílio forçado de 40 anos nos EUA, tendo ficado sob a guarda do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque, atualmente no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS). O impacto causado pela visão do quadro foi de tal modo avassaladora, que ainda hoje perdura na minha memória. Continuo a sentir muita dificuldade em olhá-lo em pormenor e a aceitar a ideia de se tratar do símbolo de paz ou de antiguerra. A imagem da devastação causada pelas forças nazis e falangistas a uma população indefesa continua a sobrepor-se a todas as interpre-tações entretanto apresentadas.

Muita tinta tem corrido na imprensa do outro lado da fronteira sobre a aprovada exumação de Francisco Franco do Valle de los Caídos, apesar da oposição irredutível dos familiares. A operação de purificação do espaço chegou a estar agendada para este mês de julho. A pesada resistência conservadora à deliberação tomada pelo governo de Pedro Sánchez tem sido pesada. Só se sabe de fonte segura que ocorrerá um destes dias. Nunca estive no monumento megalómano mandado erigir pelo Caudillo, para comemorar a vitória das forças nacionalistas contra as republicanas no final da Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Talvez seja agora a altura exata de o fazer. Prestar homenagem a esse novo Memorial de Reconciliação e Paz. Aproveitar a viagem e fazer uma segunda visita ao grande mural cubista idealizado pelo mestre da arte moderna para dar uma visão global aos mártires de Guernica. A bagagem é de mão e o caminho fácil de fazer.

1 comentário:

  1. Bom dia, Artur. A primeira viagem que pretendo fazer, no próximo ano, será a Madrid. Não poderia ser de outra forma. O Prado e o Reina Sofia são os objetivos primeiros! Pátria, de Fernando Aramburu é um dos primeiros livros a ser escrito, finalmente, sobre aEta e os bascos. E agora a questão da transladação de Franco. Sinais de abertura e procura de verdades que se quiseram escondidas e esquecidas. Grande Espanha. Estive a ler no JL uma recensão de novo livro sobre o iberismo...

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