2 de maio de 2023

O equilíbrio solar e lunar do hatha yoga

Mayūrāsana - मयूरासन - Pose de Pavão
[Mural do templo Mahamandir, Jodhpur, Índia, c. 1810]

Um tapete de chão, dois blocos de apoio, um cinto de alongamento, uma manta de aquecimento e muita vontade de yogar, i.e., de praticar yoga/ioga, com ó ou ô, consoante os gostos ou frescuras pessoais. O hinduísmo define esta escola filosófica como uma libertação do mundo material, uma ligação, junção, união plena com Deus. Como ateísta, agnóstico ou apateísta que sou, prefiro trocar o transcendente metafísico pela totalidade cósmico que nos rodeia, contém e acolhe no seu seio, a que pertencemos.

Uma bronquite genética levou-me a trocar as aulas da ginástica do plano curricular básico pela ginástica respiratória. Na altura não se falava ainda em yoga/ioga. Se assim fosse, talvez me tivesse afeito às prayamas, asanas e savasanas, termos específicos dessa práxis meditativa, o que, vertendo do sânscrito ancestral ao lusitano atual, nos enviaria para os exercícios de respiração, postura e relaxamento previstas pela Hatha Yoga, a busca incessante do equilíbrio das forças solares (Ha) e lunares (Tha).

Uma eternidade depois de ter dado folga à ginástica respiratória, rendi-me à chamada apelativa do yoga/ioga. Dei-lhe um livre trânsito regular duas vezes por semana. me iniciei nas posturas da criança, do guerreiro, da montanha, da árvore, do barco, da águia, do gato. Qualquer dia atiro-me à pose do pavão. As pernas é que se recusam a subir, impedindo os braços de ensaiarem um equilíbrio estável e em força. Nessa altura, chegarei as mãos junto ao peito com uma ligeira curvatura e saudarei: Namastê.

3 comentários:

  1. A asma no nosso tempo era tratada com recolhimento e agasalho, que eu odiava porque não me permitia participar em muitas brincadeiras, isto num clima quente... Nem ginástica respiratória me receitaram. Jovem, aprendi que a ginástica e a natação me ajudavam, mas ioga nunca pratiquei. Deve ser relaxante, mesmo sem atender às sem as preocupações metafísicas da prática...

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    1. A minha luta contra a asma consistia nesses tempos a fazer praia no pino do verão e termas nas vésperas do outono. A ginástica respiratória surgiu por com algum resultado, sobretudo quando me mudei para Lisboa. Rendi-me ao yoga há relativamente pouco tempo e as preocupações metafísicas não me incomodam. Só tenho alguma dificuldade em manter o equilíbrio em algumas posições mais instáveis, mas qualquer dia habituo-me e até conseguirei realizar a pose do pavão…

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  2. Que boas notícias, querido Artur. Adorei este miminho, enquanto estou ligada aos fios tensores neuro-estimuladores. Embora com dificuldade em segurar o telemóvel, abri de imediato a ligação, mas não sem antes pensar: seria adorável que o professor gravasse os textos em audio... pense nisso carinhosamente e se a sua bronquite lho permitir, iria maravilhar os tempor de terapia e recuperação respiratória e motora desta carcaça viva. Beijinhos e bons escritos .

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