José Malhoa, Camões (1934) |
500 anos de Camões
Celebra-se deste ano o quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, apesar de continuar por saber de fonte segura o local e data exatos onde terá sido. Entre o berço e a sepultura, a fantasia tem preenchido as imensas lacunas que o seu peregrinar pela vida se encarregou de traçar, até o transformar (já nos nossos dias) no Poeta por antonomásia da cultura literária portuguesa.
Conjetura atrai conjetura e começou a espalhar-se por aí à boca cheia e em forma de letra ter vindo ao mundo a 23 de janeiro de 1524, dia em que um eclipse solar terá sido visível em Portugal. Pelo menos é o que parece transparecer no soneto em que esses dados são sugeridos. Que o seja, tanto faz. Leiam-se os catorze versos decassilábicos e tirem-se depois as respetivas ilações.
O dia em que eu nasci moura e pereça
O dia em que eu nasci moura e pereça,não o queira jamais o tempo dar;não torne mais ao mundo, e, se tornar,eclipse nesse passo o Sol padeça.A luz lhe falte, o céu se lhe escureça,mostre o mundo sinais de se acabar,nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,a mãe ao próprio filho não conheça.As pessoas pasmadas, de ignorantes,as lágrimas no rosto, a cor perdida,cuidem que o mundo já se destruiu.Ó gente temerosa, não te espantes,que este dia deitou ao mundo a vida
mais desventurada que se viu!
Luís de Camões
NOTA
Versão de Luís Franco, transcrita por Maria de Lourdes Saraiva IN Luís de Camões, Lírica completa II - Sonetos Lx: IN-CM, 1980 (ed. 1999: p.180)
Uma dedução que parece plausível... Os entendidos que se pronunciem! Devo ao meu pai ter ficado a gostar de tudo quanto o poeta escreveu, graças ao seu amor ao ensino e à sua paciência em me explicar os mistérios da sua pena sábia...
ResponderEliminarDurante este ano vai ser publicada uma biografia romanceada de Luís Vaz de Camões, por Isabel Rio Novo.
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