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Almada Negreiros, «A partida dos emigrantes» (1947-49) [Lisboa, Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos] |
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Os acordes do «Eles» dedilhados à guitarra e cantados por Manuel Freire ecoaram pela primeira vez em 1968. Terá sido nessa altura que a ouvi de quando em vez nas rádios então existentes. Suspeita aparentemente lógica, baseada numa memória distante muito difusa de décadas que liga a balada a um qualquer folhetim então difundido por um ou outro desses tais postos: Rádio Clube Português, Rádio Renascença ou Emissora Nacional. Pouco importa ou tanto faz.
Já não ouvimos a voz de Manuel Freire como chegámos a ouvir nos anos de intervenção a que antecederam a queda do regime da outra senhora. Ainda teve alguma visibilidade nos primeiros tempos revolucionários, depois foi pouco a pouco silenciado, como todos os companheiros de travessia do deserto até hoje. Estão todos eles ausentes dos programas pimba que povoam os mass média atuais, a toda a hora do dia e da noite, da manhã e da tarde. Sem parar
Então como agora, uns partem e regressam porque querem, outros ficam porque já não querem voltar. Há depois aqueles que chegam a cada momento e são forçados a partir no momento seguinte quer queiram quer não. Filhos doutras paragens mais distantes, doutras aragens mais agrestes, doutros povos mais exóticos. Balada perene de migrantes que vão e vêm e que vêm e vão. Verso e reverso duma mesma medalha que não cabe nos versos e notas duma canção.
Uma tristeza a desumanidade com que os migrantes são tratados. Todos os povos enfrentaram o problema da migração em determinado momento da sua história. Mas o homem só olha para o seu umbigo, as dores do próximo não as sente...
ResponderEliminarVale a pena ver in loco os painéis de Almada Negreiros. São lindíssimos e de uma enorme expressividade. Haja quem vá lutando contra a ditadura imposta pela lei dos que estão no poder!
Trabalhei na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, gémea da Gare Marítima de Alcântara, ambas, possuem painéis de Almada Negreiros, belos, intensos de conteúdo.
ResponderEliminarFoi o lugar mais belo onde trabalhei, imagine entrar para trabalhar, mas antes, à entrada e à saída, quedava-me a admirar uma e outra vez os painéis, sempre lhes encontrava um pormenor novo.
Tb trabalhei no na Sala de Música do rei D. Carlos adjacente ao Palácio Nacional da Ajuda.
Em junho passado regressei para os visitar, o bilhete engloba uma visita às duas Gares Marítimas.
Só visitei a Gare da Rocha do Conde de Óbidos ficou para outubro.
Quem não for de carro tem de articular com o transporte público…
Recomendo vivamente uma visita, os painéis foram alvo recentemente de trabalhos de restauro.