ANÓNIMO, Camões na prisão de Goa (1556) |
DE repẽte, apeteceome celebrar o dia de Camoens, de Portugal,
& das communidades portogueſas eſpalhadas pelo mũdo, com hũ texto ortogra-phado
á maneyra do poeta, para aßim demõſtrar o meu patriotiſmo, palaura q̃ nos noßos tẽpos paßou a eſtar aßoçiada a formas de regiſto de lingoa chriſtalizadas ẽ eras preteritas. ʃim, porq̃ hũa atualizaçam das conuẽçoens normatiuas paßou
a ſer cõſiderado hũ crime de verdadeyra leſamageſtade, ou, ſe prefferirmos, de leſaluſitaniſmo...
MVdaõſe os tẽpos, mudaõſe as võtades,
Mudaſe o ſer, mudaſe a cõfiança
Todo o mũdo he cõpoſto de mudança,
Tomando ſẽpre nouas qualidades.
Continuamẽte vemos nouidades,
Differẽtes ẽ tudo da eſperança,
Do mal ficaõ as magoas na lẽbrança,
E do bẽ (ſe algũ ouue) as ſaudades:
O tẽpo cobre o chaõ de verde manto,
Que ja cuberto foy de neue fria,
E ẽ mim conuerte ẽ choro o doce canto.
E affora eſte mudarſe cada dia,
Outra mudança faz de mór eſpanto,
Que não muda ja como ſoia.
LVIZ VAZ DE CAMOENS
Prof., como eu admiro este fino espírito de pedagogo nato! Mudam-se os tempos e eu espero continuar a ter a mente aberta para aceitar as mudanças que já são práticas regulares...
ResponderEliminarA pedagogia continua a ser o melhor antídoto contra a demagogia, epidemia que nestas questões do registo ortográfico da língua teima em ser a rainha absoluta...
ResponderEliminar"Continuamente vemos novidades / Diferentes em tudo da esperança / Do mal ficam as mágoas na lembrança / E do bem, se algum houve, as saudades". O mundo, sempre em contínua mudança. Os tempos mudam, as vontades mudam, mas os grandes problemas que afetam a Humanidade permanecem...
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