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| José Malhoa - As promessas, 1933 [Museu José Malhoa - Caldas da Rainha] |
Em tempo de promessas, valham-nos as do José Malhoa. Foram pintadas a óleo, retratam uma cena real dum país aldeão, de entre guerras, confiante no poder miraculoso dos intermediários do além. Ofereço-te uma vela se fizeres o que eu te peço. Até vou à tua capelinha a pé. Arrasto-me de joelhos. Só tens de cumprir a tua parte no contrato. Caso contrário nada feito. Viro-me para outra freguesia. Pedir não custa e há sempre um santinho padroeiro dos aflitos em cadeia à mão de semear.
Em tempo de botar votos, as promessas andam no ar. São proferidas a torto e a direito por dá cá aquela palha. Ciclicamente. O pudor que se cuide. Dou-te isto e aquilo a troco de quase nada. Só te peço uma cruz no quadradinho. A árvore das patacas à mão de semear. As palavras de ordem são gritadas aos quatro ventos. A boa nova espalhada pelas sete partidas deste nosso mundo de desejos por cumprir. Prometer não custa é há sempre um tolo dos quatro costados postado ao virar da esquina.
E não termos de pagar indulgências já é um pau... Ou antes, pagamos as indulgências depois, com juros elevados! Como o rebanho continua a deixar-se enredar nas promessas é que continua a ser tipo mistério...
ResponderEliminarIndulgentes somos nós que estamos sempre prontos para esquecer as promessas tão depressa gritadas como caladas. Paraísos à mão de semear e ao virar da esquina. Miragem do blá-blá-blá e da banha-da-cobra a imperar sobre os submissos sem-memória. Infalível, majestosa, triunfante.
ResponderEliminarSem dúvida, Artur Henrique Ribeiro Gonçalves, valham-nos as de José Malhoa. Sentidas e cumpridas religiosamente, com sofrimento até à exaustão, por um povo analfabeto, em troca de um bem concedido. O político faz promessas por vezes até milagrosas, sabendo de antemão que nunca irão ser cumpridas, para conquistar o voto do eleitor e o eleitor, apesar das experiências continuamente vividas, vai-se deixando levar...
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