20 de janeiro de 2016

Cara ou Coroa

MUSEU DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Galeria dos Presidentes - Foto de Daniel Monteiro

Portugal vai a votos para eleger o próximo presidente da república. Durante séculos de monarquia, a passagem do testemunho fez-se de pai para filho, de avô para neto, de irmão para irmão ou mesmo de primo para primo e de tio para sobrinho. Em casos especiais e na ausência de descendente varão, de pai ou tio para filha ou sobrinha. Sempre no seio da mesma família. Borgonhas, Avises, Áustrias, Braganças. Rei morto, rei posto. Sem obrigar os leais súbditos à maçada de escolher o candidato da sua preferência.

O primeiro Afonso da lista usou sucessivamente as coroas de prínci-pe, conde, duque e rei. À distância de sete séculos e quatro dinastias, o último João ainda cingiu a coroa imperial que compartiu com o pe-núltimo Pedro. Por pouco tempo e a título honorífico. É verdade. Mas nem por isso deixou de o fazer. Com toda a fidelíssima majestade exigida pelo cargo. Tudo por vontade soberana sua e consentimento submisso dos povos. Proprietário hereditário de senhorios, principados, condados, ducados, reinos e impérios.

O Cata-vento, a Intriguista e o Soldado-raso preparam-se para jogar o cara-ou-coroa numa primeira volta de sufrágio universal e direto. Os cognomes não são meus. São os epítetos com que se gladiaram nos reality shows televisivos. Em tempo de presidentes, os apodos aplicados aos substitutos da Múmia de Belém ainda insistem no registo sangue-azul de rei dos órgãos de comunicação, de rainha das redes sociais e de príncipe de todas as áreas. Velhos hábitos que o humor à portuguesa lá vai gerindo e digerindo.

2 comentários:

  1. Quando esses três candidatos vão pelo adro a degladiarem-se, num burburinho ensurdecedor de certezas espantosas, juntando à lista os demais sete, uns quantos a mostrar a sua pouca educação e a fraca condição para aspirarem ao posto presidencial... o humor é, nestes tempos, a única salvação do zé povinho.

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  2. Sou uma republicana dos sete costados. Gosto de exercer o meu direito de voto. Gosto que haja escolha. Não gosto ás vezes que se faça humor com tudo e com todos. Não gosto.

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