ÓSTRACO DE MÉGACLES (486/ AEC)Museu da Ágora de Atenas - Stoa de Attalus(foto: Giovanni Dall'Orto, 2009) |
Atenas conheceu no século V AEC um dos mais eficientes métodos de punição cívica. Condenar ao banimento ou exílio todo e qualquer indivíduo que pusesse em risco as leis da cidade. Foi criado por Clístenes, o pai da democracia, tinha a duração de 10 anos e dava pelo nome de ostracismo. Para tal, bastava escrever o nome do alegado infrator num fragmento de cerâmica chamado óstraco e deixá-lo na ágora para ser votado pela eclésia.
O método parece ter sido eficaz. Caso contrário não teria resistido à voragem do tempo e chegado até nós. O princípio que o rege foi adaptado aos nossos dias e continua a ser aplicado sempre que o desejo imperioso de calar alguém assim o exige. Os mass media da nossa praça são exímios nessa prática ancestral. Vedam os canais informativos que controlam ao alvo a abater e o apagamento dá-se. A memória é curta e quem não aparece esquece.
A vontade de pôr uma pedra num assunto ou de mandar certa gente às urtigas perfila-se-me por vezes no horizonte. Sobretudo quando se está no início do ano novo e a tradição de deitar os trastes velhos pela janela fora passou de moda. Olhar e ver à transparência, ouvir e fazer orelhas de mercador, cheirar à distância e passar ao largo é um remédio santo. Ostracismo adequado para quem quer ser senhor do silêncio e recusa ser escravo das palavras.
A vontade de pôr uma pedra num assunto ou de mandar certa gente às urtigas perfila-se-me por vezes no horizonte. Sobretudo quando se está no início do ano novo e a tradição de deitar os trastes velhos pela janela fora passou de moda. Olhar e ver à transparência, ouvir e fazer orelhas de mercador, cheirar à distância e passar ao largo é um remédio santo. Ostracismo adequado para quem quer ser senhor do silêncio e recusa ser escravo das palavras.
Palavras sábias que servem de bom conselho. Ostracismo sem delongas é o melhor remédio...
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