Affiche - Sud Express - Forum Léo Ferré |
Em tempos que já lá vão, havia uma ligação por caminho de ferro entre Lisboa-Santa Apolónia e Paris-Austerlitz. Dava pelo nome pomposo de Sud-Express e debitava uma infinidade de tempo até chegar a Irún-Hendaye, estações fronteiriças onde se mudava de carruagem e ganhava uma maior velocidade até ao destino final escolhido. Utilizei duas vezes o seu percurso ibérico de ida-e-volta na segunda metade da década de 70. Férias de verão que me leva-ram depois de Bordéus até Rennes, ponto de partida privilegiado para iniciar uma série de visitas nunca concluídas à Bretanha.
Recordo-me com alguma precisão das peripécias vividas na estreia. O atraso verificado em França foi de alguns minutos. O peninsular de 24 horas. Poucos turistas, muitos emigrantes. Toutes les places prises. Multiplamente vendidas algumas delas pelas agências de viagem. Vagão-restaurante fechado. Casas de banho imundas. Couchettes inexistentes. Ambiente folclórico de cassete-pirata. Pi-queniques improvisados com arroz de tomate, pastéis de bacalhau, frango assado, talhadas de melancia e melão, tudo regado com tinto bebido do garrafão. Alegria contagiante em final de vacances.
Posteriormente troquei o comboio pela automóvel. Outras regiões de l' Hexagone começaram a alternar com o Pays breton du Roi Arthur et armoricain d'Asterix le Gaulois. Agora faço-o de avião. Mais rápido, mais económico, mais prático. Menos divertido também. As valises de carton cederam paso às valises à roues. Opta-se pelo catering a bordo ou pelo fast-food nos aeroportos. Pizzas, hot dogs, hamburgers, coca-cola e cerveja em lata. Tudo entre o check-in e o check-out. Sinais dos tempos deste nosso mundo global. Pas plus de charme, pas plus de burlesque, pas plus de fado.
Posteriormente troquei o comboio pela automóvel. Outras regiões de l' Hexagone começaram a alternar com o Pays breton du Roi Arthur et armoricain d'Asterix le Gaulois. Agora faço-o de avião. Mais rápido, mais económico, mais prático. Menos divertido também. As valises de carton cederam paso às valises à roues. Opta-se pelo catering a bordo ou pelo fast-food nos aeroportos. Pizzas, hot dogs, hamburgers, coca-cola e cerveja em lata. Tudo entre o check-in e o check-out. Sinais dos tempos deste nosso mundo global. Pas plus de charme, pas plus de burlesque, pas plus de fado.
Acho natural esta nostalgia, que às vezes me assaltam também. Mas também se tira o máximo partido da maneira de viajar dos nossos dias, até porque me facilita conhecer regiões onde nunca chegaria dantes. Antigamente havia os pontos negativos, como bem lembra o texto...
ResponderEliminarQuando vivia em Lisboa e nos deslocávamos ao Algarve, no início das auto-estradas,utilizávamo-las. Mas, depois, voltamos a utilizar as estradas nacionais quer a litoral, quer aquela estrada que atravessava o Alentejo junto à raia. Isto para dizer, que por motivos profissionais ou urgentes, o progresso, ajuda. Mas,quando não temos pressa, andar de comboio, ou seguir por estradas "secundárias" é muito mais prazeroso.
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