PASSAROLAA Geringonça do Padre Bartolomeu de Gusmão[Bibliothèque national de France] |
Os sentidos escondidos das palavras
A Porto Editora pôs à votação pela oitava vez consecutiva a Palavra do Ano. Entre o Dia Restauração e a Noite de São Silvestre, os in-teressados deverão escolher uma das dez candidatas à tão subida honra de assim enriquecer o património vivo e precioso da língua. São elas: brexit, campeão, empoderamento, gerigonça, humanista, microcefalia, parentalidade, presidente, turismo e racismo.
Diz-me uma ciência secreta vinda não sei bem de onde que a esco-lha recairá na quarta palavra da lista. Aquela que a riqueza lexical e o dinamismo criativo do português importou do occitano antigo ger-gons, através do castelhano jeririgonza. Dizem os dicionários das academias envolvidas que o vocábulo se referiria a uma linguagem vulgar e difícil de entender ou a uma ação estranha e ridícula.
Desconheço qual a utilidade de eleger a palavra-vedeta deste ano se já me esqueci qual foi a vencedora do ano passado. Atrevo-me a dizer que será a mesma das restantes palavras convocadas na produção individual e social dos sentidos nos 365/366 dias em que o ciclo solar se completa. Serem usadas conjunta e solidariamente quando são necessárias para interpretar e construir a própria vida.
Neste sufrágio mediático exercerei o meu direito de abstenção. O re-sultado parece-me óbvio. A Geringonça acaba de festejar o primeiro aniversário e encontra-se de perfeita saúde. Parabéns. Levantou voo com sucesso como a Passarola do Padre Bartolomeu de Gusmão. A vontade dos homens cumpriu-se pela conjugação das palavras certas que souberam atualizar no momento do diálogo. Nada mais.
Ó Artur, eu escolhi efetivamente a palavra geringonça, mas porque não havia passarola, que é muito mais gira!
ResponderEliminarInquéritos de vária natureza que a mim me cansam, por não ver qual o objetivo prático. Como sempre, nem me dou ao trabalho de participar...
ResponderEliminar