INVERNOGiuseppe Arcimboldo
[Musée du Louvre - Paris - 1573]
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O dia mais curto depois da noite mais longa
O inverno começa com o dia mais curto do ano e termina com o nú-mero de horas idêntico ao da noite. Equilíbrio efémero de imediato desfeito pela primavera dentro e só será recuperado na passagem meteórica do verão para o outono. Luta sem quartel entre equinócios e solstícios a marcar a roda contínua das estações.
Giuseppe Arcimboldo (1527-1583) liga-o a Thanatos. À hera, às raí-zes e aos fungos. Deu-lhe um ar carrancudo de alguém que está de mal com a vida e ganhou um esgar duradoro no olhar. A seiva dos verdes anos secou de vez e deixou um tronco morto em seu lugar. O limão usado como emblema simboliza o azedume da velhice.
A tradição milenar que o maneirismo consagrou associa-o ao final dum ciclo de vida. Aquele que se situa entre o alfa e ómega da exis-tência humana. Tempo de recolhimento e reflexão. A linearidade do homem a perder aos pontos com a circularidade da natura. Sem apelo nem agravo. Imparavelmente. Dia após dia, noite após noite...
Prof., ainda bem que nos deixa esta magnifica interpretação do inverno de Arcimbolo. É uma reflexão artística que nos reconcilia com o progresso irreversível da decrepitude, do envelhecimento.
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