«Tal como a macieira entre as árvores da floresta | é o meu amado entre os jovens. | Anseio sentar-me à sua sombra, | que o seu fruto é doce na minha boca. || Leve-me para a sala do banquete, | e se erga diante de mim a sua bandeira de amor. || Sustentem-me como bolos de passas, | fortaleçam-me com maçãs, | porque eu desfaleço de amor...»
Cântico dos Cânticos (Ct 2, 3-5)
Contam os mitos antigos feitos lendas que lá no fim do mundo, onde a terra e o mar se encontram, existiu um pomar divino plantado pela rainha do Olimpo, irmã e esposa de Zeus. Estava guardado por uma serpente gigantesca de fulvo dorso e era conhecido pelo Jardim das Hespérides ou dos Imortais, porque cresciam no seu interior as maçãs de ouro, as tais que garantiam a quem as possuísse a eterna juventude. Por altura das bodas de Thétis e Peleu, a Discórdia apareceu sem ser convidada no meio da cerimónia e ofereceu um desses frutos cobiçados à mais bela das deusas presentes. A rivalidade entre Hera, Atena e Afrodite conduziriam ao Julgamento de Páris, ao Rapto de Helena e à Guerra de Troia. Mas isso já são outras histórias a que Homero deu a forma de epopeia.
No outro lado do mundo, perto do local onde o sol surge todas as manhãs, também terá havido um Jardim das Delícias ou do Éden. Foi plantado por Javé, aquele que terá dado origem a tudo o que existe. Destinou-o ao primeiro homem e à primeira mulher por si criados. Fez deles seus guardiões eternos. Podiam comer os frutos ali postos ao seu dispor menos as maçãs fornecidas pela árvore do conhecimento. O aroma emanado desse pomo proibido fazia adivinhar que o seu sabor lhe não ficaria atrás. Eva deixou-se tentar pela serpente e deu-o a comer a Adão. O resultado da desobediência foi a sua expulsão do Paraíso Terrestre. Foram condenados aos ditames do bem e ao mal, situados entre a vida e a morte. Histórias da justiça divina tornadas exemplares no livro dos livros sagrados.
Há muitos anos, vivia num país distante uma princesa chamada Branca de Neve. Quando a mãe morreu, o pai voltou a casar-se. Os ciúmes da nova rainha pela beleza da enteada não tardaram. Resolveu eliminá-la fisicamente para assim assegurar o afeto exclusivo do rei. Tal como costuma acontecer nestes relatos, a vítima escapou à morte. Abandonada no meio da floresta do reino, foi recebida por sete anões, com quem passou a morar. A teia narrativa prossegue com mil e uma peripécias, gizadas ao sabor da imaginação do contador de serviço. Pelo meio fala-se dum espelho encantado, da maldade da madrasta e do poder letal duma maçã mágica. Refere-se ainda o beijo de amor dum príncipe perfeito, que dará um final feliz a um conto infantil conhecido de todos.
As alegorias com maçãs têm proliferado ao longo dos tempos, de levante a poente, de norte a sul, ou nesse país de fantasia ou do faz-de-conta. Referem-se a um fruto que a ciência remeteu para a categoria dos pseudofrutos, por crescer num tecido adjacente ao ovário da flor. Depois descobrimos que o Pomo da Discórdia seria uma «laranja», que o grego atual designa por πορτοκαλί (portucali), e que o nome latino do Fruto Proibido, malum, tanto pode significar «maçã» como «mal». Do que não restam dúvidas, é que a semente do livre-arbítrio helénico de Páris ou judaico de Adão formam um pentagrama simbólico perfeito do amor e do saber imortais. Que Eva e Helena o neguem se puderem. Que a Branca de Neve e o Príncipe Perfeito das histórias de fadas o façam também se souberem.
No outro lado do mundo, perto do local onde o sol surge todas as manhãs, também terá havido um Jardim das Delícias ou do Éden. Foi plantado por Javé, aquele que terá dado origem a tudo o que existe. Destinou-o ao primeiro homem e à primeira mulher por si criados. Fez deles seus guardiões eternos. Podiam comer os frutos ali postos ao seu dispor menos as maçãs fornecidas pela árvore do conhecimento. O aroma emanado desse pomo proibido fazia adivinhar que o seu sabor lhe não ficaria atrás. Eva deixou-se tentar pela serpente e deu-o a comer a Adão. O resultado da desobediência foi a sua expulsão do Paraíso Terrestre. Foram condenados aos ditames do bem e ao mal, situados entre a vida e a morte. Histórias da justiça divina tornadas exemplares no livro dos livros sagrados.
Há muitos anos, vivia num país distante uma princesa chamada Branca de Neve. Quando a mãe morreu, o pai voltou a casar-se. Os ciúmes da nova rainha pela beleza da enteada não tardaram. Resolveu eliminá-la fisicamente para assim assegurar o afeto exclusivo do rei. Tal como costuma acontecer nestes relatos, a vítima escapou à morte. Abandonada no meio da floresta do reino, foi recebida por sete anões, com quem passou a morar. A teia narrativa prossegue com mil e uma peripécias, gizadas ao sabor da imaginação do contador de serviço. Pelo meio fala-se dum espelho encantado, da maldade da madrasta e do poder letal duma maçã mágica. Refere-se ainda o beijo de amor dum príncipe perfeito, que dará um final feliz a um conto infantil conhecido de todos.
As alegorias com maçãs têm proliferado ao longo dos tempos, de levante a poente, de norte a sul, ou nesse país de fantasia ou do faz-de-conta. Referem-se a um fruto que a ciência remeteu para a categoria dos pseudofrutos, por crescer num tecido adjacente ao ovário da flor. Depois descobrimos que o Pomo da Discórdia seria uma «laranja», que o grego atual designa por πορτοκαλί (portucali), e que o nome latino do Fruto Proibido, malum, tanto pode significar «maçã» como «mal». Do que não restam dúvidas, é que a semente do livre-arbítrio helénico de Páris ou judaico de Adão formam um pentagrama simbólico perfeito do amor e do saber imortais. Que Eva e Helena o neguem se puderem. Que a Branca de Neve e o Príncipe Perfeito das histórias de fadas o façam também se souberem.
Bom dia, Artur.
ResponderEliminarBela e educativa forma de iníciar o dia!
Versos sensuais do Cântico dos Cânticos, que também sucumbiram ao cheiro saboroso e irresistível da maçã. Bendito fruto, que a mitologia fecundou como irresistível, tal o apelo que o proibido exerce sobre os mortais. Adoro estas resenhas mitológicas que revestem alegorias tão interessantes, Prof!
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