Brasão de D. Afonso Henriques Conde, duque, infante, príncipe & rei de Portugal [Academia das Ciências - Lisboa] |
RELATIVIDADES
Cumpriu-se no passado dia 23 de maio 836 anos que o papa Alexandre III assinou a bula Manifestis Probatum (1179). Nessa decreto pontifício, a Santa Sé confirmou D. Afonso Henriques como rei e Portugal como reino. Com a precipitação habitual nestas circunstâncias, os canais de informação em massa apressaram-se a celebrar o aniversário do nascimento do país.
Olhando com um pouco mais de cuidado para os anais registados pela história, lá nos apercebemos que a delimitação da Terra Portucalense, como entidade distinta da Galiza, ocorreu há 1147 anos. Adveio duma iniciativa de Afonso III das Astúrias, monarca que confiou a administração do território a Vímara Peres, na qualidade de primeiro Conde de Portugal (868).
O processo que levaria à libertação paulatina da nova entidade política da coroa de Leão efetuar-se-ia nos tempos seguintes. Tornaram-se definitivos, sobretudo quando o filho do conde D. Henrique e da condessa-rainha D. Teresa, fundadores da dinastia de Borgonha (1095), assumiu a governação do Condado Portucalense, depois da batalha São Mamede (1128).
Assume o título real após a batalha de Ourique (1139), que lhe é reconhecido por Afonso VII na Conferência de Zamora (1143). A fase final da separação de Leão será negociada em Roma nos 36 anos seguintes. Portugal libertava-se do poder secular hispânico e sujeitava-se ao poder eclesiástico papal. A história da independência dos povos tem destas pequenas relatividades.