Contadores do tudo e do nada
Hoje, quando acordei, o meu conta-passos informou-me que eu já deveria ter dado 3637. Nem mais nem menos. Como pouco passava das 8.30h da manhã, interroguei-me como é que podia rentabilizar o meu exercício físico ideal mantendo-me ainda na cama. A resposta, afinal, talvez resida em dormir com o tal podómetro de modo a que este também possa contabilizar as caminhadas que eventualmente possa fazer quando estou a sonhar.
Pouco importa as passadas que dei ou deixei de dar. As contagens que agora me ocupam não carecem dum robô exímio a regular-me os movimentos. Faço-as mentalmente. Subtraio todos os dias um dígito ao número total que ainda preciso para atingir o 0 absoluto há muito almejado. Nem mais nem menos do que 555 em números re-dondos de cronómetro regressivo. Tantos quantos me faltam para atingir a idade oficial da reforma. Os 66 anos e 3 meses.
É nesta ordem inversa de contar números que os sentidos dados às duas infâncias se cruzam. A genica da 1.ª a concorrer com a fadiga da 2.ª. Em ambas desejamos envelhecer para sermos senhores dos nossos narizes sem prestar contas a ninguém. Ao querermos a todo o custo ter a idade que não temos, esquecemo-nos de fruir devidamente aquela que temos. Ironia trágica esta nossa de trocarmos o tudo pelo nada, nestas nossas contas de somar e subtrair.
Pouco importa as passadas que dei ou deixei de dar. As contagens que agora me ocupam não carecem dum robô exímio a regular-me os movimentos. Faço-as mentalmente. Subtraio todos os dias um dígito ao número total que ainda preciso para atingir o 0 absoluto há muito almejado. Nem mais nem menos do que 555 em números re-dondos de cronómetro regressivo. Tantos quantos me faltam para atingir a idade oficial da reforma. Os 66 anos e 3 meses.
É nesta ordem inversa de contar números que os sentidos dados às duas infâncias se cruzam. A genica da 1.ª a concorrer com a fadiga da 2.ª. Em ambas desejamos envelhecer para sermos senhores dos nossos narizes sem prestar contas a ninguém. Ao querermos a todo o custo ter a idade que não temos, esquecemo-nos de fruir devidamente aquela que temos. Ironia trágica esta nossa de trocarmos o tudo pelo nada, nestas nossas contas de somar e subtrair.
"Keep calm and carry on"! Não é só em tempo de guerra que devemos valorizar as nossas passadas neste mundo, na realidade...
ResponderEliminarExatamente Artur, à medida que se aproxima a idade, que considerariamos ser a ideal e sobretudo justa, para sermos donos do nosso tempo, constatamos que, quanto mais ansiosos mais ela nos foge. Tentemos não correr atrás dela, caminhemos paralelamente, nalgum ponto haveremos de apanhá-la.
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