ESFERA ARMILAR (c. 1508-1509) Azulejaria mudéjar do Palácio Nacional de Sintra |
Deus no céu e eu na terra
Dita a regra geral das monarquias que a ordem de sucessão ao trono se faça de pai para filho. Às vezes, dá-se de irmão para irmão, de avô para neto ou entre tios e sobrinhos. O render de testemunho pode ainda ocorrer de formas menos usuais. Foi o que aconteceu com D. Manuel I, que recebeu a coroa de D. João II, seu primo direito e cunhado, tendo para tal beneficiado da morte sucessiva dos seis herdeiros presuntivos precedentes na linha dinástica. Esta uma das razões pelas quais a História o designaria de Afortunado, Venturoso ou Bem-Aventurado.
A política governativa seguida pelo seu antecessor facultou-lhe a possibilidade de desenvolver com êxito o projeto das explorações portuguesas, permitindo-lhe a descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das Molucas. A extensão global dos seus domínios distribuídos por quatro continentes e três oceanos levou-o a intitu-lar-se Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. Tudo isto, está bem de ver, pela Graça de Deus.
A megalomania do Pomposo, como ainda lhe chamaram, alargou-se à sua emblemática pessoal. Adotou a Esfera Armilar, como corpo da divisa, e a sentença latina Spera in Deo et fac bonitatem (= entrega-te a Deus e faz o bem), como alma. Na eclíptica da empresa também ela herdada do Príncipe Perfeito, acrescentou os dizeres MORE e MROE, i.e., Orbis Rex est e Manuel Rex Orbi est (= Manuel é Rei do Mundo), assumindo assim o desejado estatuto imperial que lhe faltava e lhe convinha espalhar sem mais demoras aos sete ventos por essa Res Publica Christiana fora.
Aquele que tinha nascido infante de segunda ordem da Casa Real de Avis e fora um mero Duque de Beja e Senhor de Viseu, Covilhã e Vila Viçosa, Mestre da Ordem de Cristo, Condestável do Reino e Fronteiro-Mor de Entre Tejo e Guadiana, será convertido pela Fortuna no mais rico soberano do seu tempo. O Rei da Pimenta far-se-á representar em majestade nas Ordenações de 1514. Coroa aberta e armadura, brasão e ceptro real da justiça, de onde pende uma fita com o lema: DEO IN CELO TIBI AVTEM IN MVNDO (= A Deus no céu e a ti na terra). Nada mais.
A política governativa seguida pelo seu antecessor facultou-lhe a possibilidade de desenvolver com êxito o projeto das explorações portuguesas, permitindo-lhe a descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das Molucas. A extensão global dos seus domínios distribuídos por quatro continentes e três oceanos levou-o a intitu-lar-se Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. Tudo isto, está bem de ver, pela Graça de Deus.
A megalomania do Pomposo, como ainda lhe chamaram, alargou-se à sua emblemática pessoal. Adotou a Esfera Armilar, como corpo da divisa, e a sentença latina Spera in Deo et fac bonitatem (= entrega-te a Deus e faz o bem), como alma. Na eclíptica da empresa também ela herdada do Príncipe Perfeito, acrescentou os dizeres MORE e MROE, i.e., Orbis Rex est e Manuel Rex Orbi est (= Manuel é Rei do Mundo), assumindo assim o desejado estatuto imperial que lhe faltava e lhe convinha espalhar sem mais demoras aos sete ventos por essa Res Publica Christiana fora.
Aquele que tinha nascido infante de segunda ordem da Casa Real de Avis e fora um mero Duque de Beja e Senhor de Viseu, Covilhã e Vila Viçosa, Mestre da Ordem de Cristo, Condestável do Reino e Fronteiro-Mor de Entre Tejo e Guadiana, será convertido pela Fortuna no mais rico soberano do seu tempo. O Rei da Pimenta far-se-á representar em majestade nas Ordenações de 1514. Coroa aberta e armadura, brasão e ceptro real da justiça, de onde pende uma fita com o lema: DEO IN CELO TIBI AVTEM IN MVNDO (= A Deus no céu e a ti na terra). Nada mais.
Morria-se cedo mas havia quem fosse bem aventurado durante a sua passagem neste mundo graças às idiossincrasias que o ser humano tece... Ao menos, D. Manuel I cumpriu os projetos de exploração marítima portuguesa.
ResponderEliminarQue bom e interessante texto.
ResponderEliminarÉ trágico que naquele tempo nem toda a riqueza e estatuto impediam a morte prematura, para o nosso tempo, de reis e senhores.
O Príncipe Perfeito semeou e o Venturoso arrecadou. Ironias insólitas da História...
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