3 de dezembro de 2018

O homem dos sete instrumentos

   AMADEO DE SOUZA-CARDOSO   

Sem título (1917)

[Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian]
                               Au déboulé garçon pointe ton numéro
                               Pour gagner ainsi le salaire
                               D'un morne jour utilitaire
                               Métro, boulot, bistro, mégots, dodo, zéro.
                               Pierre Béarn, «Réveil» IN Couleurs d'Usine (1951)
Os sete instrumentos foram a afinar. Agora só tocam a solo e em privado. Cada um a seu tempo e sem pressões. O tocador retirou-se muito de mansinho e abraçou outras tocatinas mais recatadas. Com ritmos operáticos mais ajustados ao bel canto. Regidos por batutas mais ajustadas aos registos melódicos da partitura.

O homem dos sete instrumentos rendeu-se presto aos andamentos do canto lírico. Deixou de andar a nove como os amarelos da Carris. Substituiu o movimento perpétuo pelo compasso suave, vagaroso e imponente do adagio. Retirou-se das lides laborais scherzando com os toques harmónicos do allegretto, allegro e vivace.

2 comentários:

  1. Sete é um número cabalistico, um número mágico que espero te traga sempre tudo de bom nesta nova etapa da tua vida. Que quem te conhece minimamente sabe que vais continuar a ser um homem dos sete instrumentos, sempre ativo e cultivando o convívio com os amigos. Sem que a luz dos holofotes deixe de te acompanhar, pois os dados cantam mais alto, Prof.!

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  2. Ahahah!! Sei bem o que foram os sete instrumentos e tu, Artur, ainda melhor. Gosto de pensar que não eram para toda a gente! Foi-se esse tempo, foi-se essa "opereta". Agora já podes tocar novos instrumentos ao ritmo que te aprouver! Beijinhos.

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