PABLO PICASSOCirque forain (1922)
[Paris: Musée national Picasso]
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Na minha meninice, o circo descia à cidade por altura da feira de agosto. Esta realizava-se anualmente nas vastas alamedas, prados e clareiras da Mata Real, anexa ao Hospital Termal. Era aí que a grande tenda circular do maior espetáculo do mundo assentava arraiais. Diz-me uma memória fragmentária que por vezes a grande aldeia circense se erguia imponente na amplitude dos espaços ainda vazios da antiga quinta do Borlão. E a festa durava vários dias. Talvez uma semana. Quiçá um pouco mais.
De todas as troupes que incluíam na tournée as Caldas da Rainha, recordo com alguma precisão o fascínio exercido pela parada inicial de rua do Circo Arriola Paramés. Elefantes, cavalos, malabaristas, faz-tudos, porta-bandeiras, músicos e muitas plumas e lantejoulas. Os slogans para soirées e matinées choviam em catadupa junto às bilheteiras de acesso à arena mágica do enorme recinto colorido. É entrar, é entrar, meninos e meninas, senhoras e cavalheiros. A sessão vai começar, no domingo grátis às damas.
Há décadas que o imenso redondel iluminado saiu do meu universo de referências. O Vasquito & Anhuca ou o Kinito ainda moram no meu imaginário infantil. Tê-los-ei visto num dos circos das famílias Muñoz, Cardinalli ou Mariano. Excluo o Billy Smart's Circus, que só se via a preto e branco nos ecrãs da RTP, por altura do Natal ou Ano Novo. Os palhaços pobres e ricos far-nos-ão agora rir doutro modo. Qualquer dia tiro-me de cuidados e vou reviver as emoções da minha meninice para contar como foi. A ideia fica no ar e bem de pé...
Há décadas que o imenso redondel iluminado saiu do meu universo de referências. O Vasquito & Anhuca ou o Kinito ainda moram no meu imaginário infantil. Tê-los-ei visto num dos circos das famílias Muñoz, Cardinalli ou Mariano. Excluo o Billy Smart's Circus, que só se via a preto e branco nos ecrãs da RTP, por altura do Natal ou Ano Novo. Os palhaços pobres e ricos far-nos-ão agora rir doutro modo. Qualquer dia tiro-me de cuidados e vou reviver as emoções da minha meninice para contar como foi. A ideia fica no ar e bem de pé...
Que interessante! Durante a minha meninice nunca tive o privilégio de assistir a um prévio desfile, deve ser mágico! Desventuras de quem cresceu na cidade grande. Fomos ao circo várias vezes, as boas recordações ficaram!
ResponderEliminarAssim são também as minhas recordações do circo que assentava arraiais frente ao mar. Era uma festa e os palhaços os reis da mesma. Hoje alguns "palhaços" por vezes ainda nos fazem rir mas sem a inocência das gargalhadas de criança.
ResponderEliminarEngraçado. Estava eu na cozinha este domingo a lembrar-me, entre o alho e o bife que estava a preparar, da música (uma marcha militar) que pelo carro que publicitava o Arriola Paramés se ouvia sempre... lá expliquei porque estava para ali a assobiar baixinho a dita e como estava a lembrar-me da alegria saber que ia haver circo...
ResponderEliminar"Meninos e meninas, senhoras e cavalheiros... grátis às damas"! Lembro-me tão bem destes apelos feitos a toda a hora junto das bilheteiras e do fascínio que as pessoas da época (não só as crianças), tinham pelo circo.
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