21 de janeiro de 2019

Circos de feira, de Natal e de todo o ano

              PABLO  PICASSO               

Cirque forain (1922)

[Paris: Musée national Picasso]
PALHAÇOS - CAVALOS - MÚSICA
Na minha meninice, o circo descia à cidade por altura da feira de agosto. Esta realizava-se anualmente nas vastas alamedas, prados e clareiras da Mata Real, anexa ao Hospital Termal. Era aí que a grande tenda circular do maior espetáculo do mundo assentava arraiais. Diz-me uma memória fragmentária que por vezes a grande aldeia cisterciense se erguia na amplitude dos espaços ainda vazios da antiga quinta do Borlão. E a festa durava vários dias. Talvez uma semana. Quiçá um pouco mais.

De todas as troupes que incluíam na tournée as Caldas da Rainha, recordo com alguma precisão o fascínio exercido pela parada inicial de rua do Circo Arriola Paramés. Elefantes, cavalos, malabaristas, faz-tudos, porta-bandeiras, músicos e muitas plumas e lantejoulas. Os slogans para soirées e matinées choviam em catadupa junto às bilheteiras de acesso à arena mágica do enorme recinto colorido. É entrar, é entrar, meninos e meninas, senhoras e cavalheiros. A sessão vai começar, no domingo grátis às damas.

décadas que o imenso redondel iluminado saiu do meu universo de referências. O Vasquito & Anhuca ou o Kinito ainda moram no meu imaginário infantil. Tê-los-ei visto num dos circos das famílias Muñoz, Cardinalli ou Mariano. Excluo o Billy Smart's Circus, que só se via a preto e branco nos ecrãs da RTP, por altura do Natal ou Ano Novo. Os palhaços pobres e ricos far-nos-ão agora rir doutro modo. Qualquer dia tiro-me de cuidados e vou reviver as emoções da minha meninice para contar como foi. A ideia fica no ar e bem de pé...

4 comentários:

  1. Que interessante! Durante a minha meninice nunca tive o privilégio de assistir a um prévio desfile, deve ser mágico! Desventuras de quem cresceu na cidade grande. Fomos ao circo várias vezes, as boas recordações ficaram!

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  2. Assim são também as minhas recordações do circo que assentava arraiais frente ao mar. Era uma festa e os palhaços os reis da mesma. Hoje alguns "palhaços" por vezes ainda nos fazem rir mas sem a inocência das gargalhadas de criança.

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  3. Engraçado. Estava eu na cozinha este domingo a lembrar-me, entre o alho e o bife que estava a preparar, da música (uma marcha militar) que pelo carro que publicitava o Arriola Paramés se ouvia sempre... lá expliquei porque estava para ali a assobiar baixinho a dita e como estava a lembrar-me da alegria saber que ia haver circo...

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  4. "Meninos e meninas, senhoras e cavalheiros... grátis às damas"! Lembro-me tão bem destes apelos feitos a toda a hora junto das bilheteiras e do fascínio que as pessoas da época (não só as crianças), tinham pelo circo.

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