4 de janeiro de 2019

Churros de inverno e de todo o ano

Plaza Mayor de Salamanca

Tessa Domene Moris

Chocolate con churros en la Plaza Mayor de Salamanca...

Em meados da década de 70, passei parte do Natal, a noite de São Silvestre e o dia de Reis em Espanha, entre Badajoz e Burgos, com paragens em Cáceres, Plasencia, Valladolid e Salamanca. Fi-lo na companhia de amigos da Extremadura com familiares espalhados por Castela e Leão. Em Baños de Montemayor, ouvi o cura local proferir o sermão mais incendiário de toda a minha vida sobre as penas do inferno. Ao atravessar a serra de Béjar, coberta de gelo e neve brancas a contrastar com o cinzento do céu, o Luis Aguilé cantava Es el sol español, es el sol español, uma brincadeira estival radiodifundida num trajeto invernal.

As minúcias da natividade local dariam para várias histórias. Deixo-as no tinteiro virtual da escrita internética. Viro-me para os mosteiros e conventos vistos num dia na mais antiga cidade universitária da Hispânia. Tantos quantos os arcos da ponte romana que celebrizaram o protagonista do Lazarillo de Tormes. À noite, a temperatura desceu para os -12º C. Os pés deram sinal de si em forma de câimbra. O chão chamou por mim. Valeu-me um chocolate bem quente com churros feitos na hora. A Cafetaría Las Torres da Plaza Mayor de Salamanca salvou-me in extremis da catástrofe. Remédio santo de inverno e de todo o ano. Esquisitice não mora aqui.

2 comentários:

  1. A riqueza cultural e arquitetónica do país vizinho é um apelo irresistível... A Plaza Mayor desta cidade que não conheço lembra-me a monumentalidade da sua homónima em Madrid.

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  2. Texto bom e reconfortante como um chocolate quente em momentos frios. Uma região a descobrir...

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