LEONARDO DA VINCI «Dama con l'ermellino» (c. 1490) [Muzeum Książąt Czartoryskich w Krakowie] |
Em setembro de 2013, La dama con l'ermellino de Leonardo da Vinci estava a deixar-se olhar por quem a olhava no Zamek Królewski na Wawelu de Cracóvia. Olhar oblíquo o dela, a desviar-se dos olhares dos mirones oriundos dos quatro cantos do mundo. Olhei-a também eu no fundo duma sala meio escura daquele que dizem ser o mais belo castelo real da Polónia. Dirigi o meu olhar para aquela que dizem ser Cecilia Gallerani, a amante do duque Ludovico Sforza de Milão, Il Moro. Olhei-a com mais uma boa dezena doutros olhares, impedidos todos eles de fotografar aquele olhar distante registado pela paleta do retratista nell'ultimo decennio del Quattrocento.
A Dama com arminho já regressou ao Muzeum Książąt Czartoryskich de Cracóvia, concluídas que estão as obras de renovação do mais emblemático museu da cidade. Durante uma década afastou-se 1200 metros a pé da sua residência habitual. Um aventura de nada para quem já se viu perdida e achada, roubada e recuperada, admira-da e cobiçada. Voltou sempre incólume e disposta a deixar-se olhar sem se dignar olhar-nos. Viajante de muitas viagens previstas e im-previstas, talvez tenha viajado este ano para o Louvre, onde o quinto centenário da imortalidade de Leonardo da Vinci se celebra à grande e à francesa em Paris. Os olhares de quem olham agradeceriam.
Ainda há pouco tempo, passou na RTP uma extraordinária série de dois episódios da BBC sobre a vida de Leonardo da Vinci onde se via também este belíssimo quadro... Feliz de quem conseguiu admirá-lo de perto!
ResponderEliminarNão viajou até ao Louvre, infelizmente. Mas está La Belle Ferroniere, outro rosto e outro olhar espantosos, pintada ao mesmo tempo. Teria sido bom vê - las às duas em diálogo ou confronto. E também está L' Echevelée, luz e doçura. E estudos para o Salvator Mundi, magníficos, mas não o próprio, cujo proprietário misterioso não o cedeu. Cada vez as obras viajam menos, por causa dos riscos. As grandes exposições far-se-ão mais raras. Há e haverá cada vez mais formas de fazer apreciar o que não está presente. Mas eu, velha escola, ainda gosto do frisson de ver aquilo em que os mestres tocaram.
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