3 de fevereiro de 2020

Os carrilhões do Magnânimo

«Em Fanhões parou o cortejo porque os moradores quiseram saber, nome por nome, quem eram os santos que ali iam, pois não é todos os dias que se recebem, ainda que de passagem, visitantes de tal grandeza corporal e espiritual, uma coisa é o quotidiano trânsito dos materiais de construção, outra, poucas semanas há, o intérmino cortejo dos sinos, mais de cem, que hão de rebimbar nas torres de Mafra a imperecível memória destes acontecimentos, outra ainda este panteão sagrado.»
Dizem os anais históricos à boca cheia que o Convento de Mafra foi mandado erigir na sequência dum voto feito por Dom João V de Portugal e Algarves ao Altíssimo se lhe nascesse um filho varão no prazo dum ano. Afinal nasceu-lhe uma filha, mas a palavra dada do rei cumpriu-se à mesma sem voltar atrás.

Dizem as más línguas à boca pequena ou sussurrada que Dona Maria Ana Josefa de Áustria já estaria grávida quando a promessa foi feita. A rainha confessara a frei António de São José já estar de esperanças e este garantira ao soberano a infalibilidade do milagre sem para tal revelar o segredo da confissão.

Dizem os ditos dignos de memória ter o monarca mais rico da época ficado ofendido, quando lhe fizeram ver que os 400 000 réis pedidos pelos fundidores holandeses por um carrilhão era um preço exorbi-tante. O pai da infanta Maria Bárbara de Bragança terá então dito: Não supunha que fosse tão barato; quero dois!

Dizem os jornais escritos e falados que os carrilhões do Magnânimo voltaram a tocar no Real Convento de Mafra, após um silêncio for-çado de quase 20 anos. Os habitantes da vila que se vão habituando à ideia de os ouvirem sempre que as circunstâncias assim o exigirem. É que a festa só agora começou.

2 comentários:

  1. Interessante disse que disse histórico sobre as idiossincrasias reais. Quem ficou a ganhar foi o património nacional, com esta monumental herança, aliás já classificado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO no ano passado.

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  2. Assim é e que continuem a badalar por muitos anos mais...

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