Amélia de Leuchtenberg – Pedro de Alcântara – Maria da Glória «S. M. I. o Senhor Dom Pedro restituindo Sua Augusta Filha a Senhora Dona Maria II e a Carta Constitucional aos Portugueses» |
O coração peregrino à casa torna...
No tempo da formação oitocentista dos impérios efémeros das gerações românticas, Napoleão Bonaparte empurrou a família real portuguesa para terras de Santa Cruz. O imperador dos franceses mal adivinhava que quinze anos mais tarde surgiria no outro lado do Mar Oceano o primeiro imperador brasílico moldado à sua imagem e semelhança. Dom Pedro de Alcântara levava para o Novo Mundo muito do sangue azul multissecular colhido de todas as costelas coroadas do Velho Continente.
Quando as turbulências da Guerra Peninsular acalmaram e o sonho imperial napoleónico se desfez, Dom João Ⅵ regressou a Lisboa e deixou no Rio de Janeiro o Príncipe Real Dom Pedro como regente do Brasil. Tentou pôr cobro às arbitrariedades britânicas no país e debelar a resistência aos ideais liberais então em curso. O processo foi duro e exigia a presença na metrópole do herdeiro da coroa. Este recusou-se a trocar a América pela Europa e gritou o tal Digam ao povo que fico, que a história registou.
Ficar ficou, mas sem aquecer o lugar. Mesmo assim, ainda teve tempo de ocupar um trono imperial e um real nas duas margens do Atlântico. Dom Pedro Ⅰ do Brasil (1822-1831) ou Dom Pedro Ⅳ de Portugal e Algarves (1826) voltou à terra que o vira nascer (1798) e ouviu o último suspiro (1834), já reduzido a mero Duque de Bragança. Nado e finado no Quarto Dom Quixote do Paço Real de Queluz. Um alfa-ómega simbólico a pautar o trajeto vivencial do Rei Soldado ou Cavaleiro da Triste Figura.
O Grito do Ipiranga foi dado a 7 de setembro de 2022. O coração do Libertador visitou o local para celebrar o evento. Cruzou-se por alguns dias com os seus despojos mortais trasladados em 1972 do Panteão Real dos Braganças em Lisboa para a Cripta Imperial de São Paulo. Regressou agora em torna-viagem à Cidade Invicta do Porto, onde será de novo fechado a cinco chaves na Igreja da Lapa. Talvez volte a viajar no próximo centenário do país. Mas isso já serão histórias a contar por outros que não nós.
BRASÕES DE ARMAS Reais de Portugal - Sereníssima Casa de Bragança - Imperiais do Brasil |
Bela lição de História, Prof !
ResponderEliminarUm texto muito interessante e pedagógico!
ResponderEliminarA Visão n. 1539, de há 2 semanas publicou uma matéria de autoria de Laurentino Gomes, exatamente sobre “A incrível vida de D. Pedro IV”, também muito bem explicado e interessante.