12 de dezembro de 2022

Os banhos reais da rainha perfeitíssima

Rainha Dona Leonor de Lencastre
[Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, 1517]

Hospital, s. Do lat. hospitāle- (domus) «casa) de hóspedes», pelo fr. hôpital, já documentado no séc. xii. | Termas, s. Do gr. thermá, no pl. «termas, banhos quentes», pelo lat, thermas, mesmo sentido. | Caldas, De caldo, adj., «quente», subentende-se «águas».
José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa
[Lisboa: Horizonte, 1977 (3.ª ed.). III, 244b; V, 293a; II, 33b.]

Contam as crónicas de tempos idos ter a Rainha Dona Leonor de Lencastre avistado um bando de pessoas imersas num charco fumegante de águas sulfurosas, quando nos idos de 1484 se deslocava de Óbidos para a Batalha. Informada do teor terapêutico dos banhos, acrescentam as memórias coevas de transmissão oral convertidas num diz que diz tornado lenda ter resolvido mandar erigir ali em 1485 um balneário, transformado nos anos seguintes num hospital que a própria soberana terá frequentado.

Numa passagem rápida pelas Caldas da Rainha, quis visitar o complexo hospitalar mais antigo do mundo. Dizem. Encontrei a antiga Caza Real convertida no núcleo museológico das termas estremenhas de portas abertas mas de visita limitada. Um problema nas instalações elétricas impediu-me de aceder ao piso superior do edifício, também conhecido por Paço ou Palácio Real. Terei de aproveitar uma nova vinda à cidade da rainha para rever o espólio ali confiado para memórias futuras de vivências passadas.

Compensei de certo modo esse revés com um salto muito rápido ao tanque onde a rainha fundadora das caldas que levam o seu nome terá procurado a cura para as suas reais mazelas. Voltaram-me à lembrança os odores sulfúricos que ali inalei na infância. Poucas diferenças encontrei neste espaço vetusto com mais de cinco séculos de existência. Notei a falta de utentes, deslocados para um anexo termal mais adequado ao terceiro milénio. Quando por aqui voltar a passar, vou fazer-lhes uma visita. A ver vamos...

Gravura do primitivo Hospital Termal, 1747

2 comentários:

  1. Também fiz a visita há uns 12 anos e, embora não conseguisse ver tudo, achei muito interessante. A simpatia das jovens guias foi de louvar!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Conheço as termas como as palmas das mãos bem como grande parte do material que estará exposto no andar superior do paço que a avaria elétrica me impediu de rever. Fiquei com pena, mas nada impede de lá regressar um dia destes. Desconheço é quando será. Está tudo muito modificado não sei é se será para melhor. Só estranhe a ausência de utentes no edifício maior do complexo hospitalar. Provavelmente estariam no edifício anexo, já existente quando por ali andei mas muito pouco frequentado. Como diria o vate, mudam-se os tempos mudam-se as vontades…

      Eliminar