Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Mário Cesariny, Pena capital (1957)
Belíssimo poema! Um artista plástico e poético cujas obras se interligam intimamente, dos seus poemas surgindo as pinturas e, das suas pinturas, os seus poemas...
ResponderEliminarUltimamente, por causa do centenário, tenho lido sobre Mário Cesariny, na Visão, na LER, no JL (em 2 números), tenho aprendido muito sobre o surrealismo e os nossos surrealistas. A referência ao título “Pena Capital” destaca-se…
ResponderEliminarFelizmente que ainda se comemoram os centenários do nascimento e morte dos vultos eminentes da cultura. Assim, lá vamos testando duas vezes por centúria a real/virtual imortalidade dos aniversariantes, residentes famosos do Parnaso...
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