TORNERAI - LILI MARLEEN - WE'LL MEET AGAIN |
TORNERAITornerai | da me | perchè l'unico sogno sei | del mio cuor | tornerai | tu perchè i senza tuoi | baci languidi | non vivrò | ho qui dentro ognor | la tua voce che dice tremando amor | tornerò perchè è tuo il mio cuor.Nino Rastelli / Dino Olivieri (1937)LILI MARLEENVor der Kaserne | Vor dem großen Tor | Stand eine Laterne | Und steht sie noch davor | So woll'n wir uns da wiederseh'n | Bei der Laterne | wollen wir steh'n | Wie einst Lili Marleen.| | Uns're beiden Schatten | Sah'n wie einer aus | Daß wir so lieb uns hatten | Das sah man gleich daraus | Und alle Leute soll'n es seh'n | Wenn wir bei der Laterne steh'n | Wie einst Lili Marleen.|| Schon rief der Posten | Sie blasen Zapfenstreich | Es kann drei Tage kosten | Kam'rad, ich komm sogleich | Da sagten wir auf Wiedersehen | Wie gerne wollt ich mit dir geh'n | Mit dir Lili Marleen. || Deine Schritte kennt sie | Deinen schönen Gang | Alle Abend brennt sie, | Doch mich vergaß sie lang | Und sollte mir ein Leids gescheh'n | Wer wird bei der Laterne stehen | Mit dir Lili Marleen? || Aus dem stillen Raume | Aus der Erde Grund | Hebt mich wie im Traume | Dein verliebter Mund | Wenn sich die späten Nebel drehn | Werd' ich bei der Laterne steh'n | Wie einst Lili Marleen.Norbert Schultze / Hans Leip (1915, 1937, 1939)WE'LL MEET AGAINLet's say goodbye with a smile, dear | Just for a while dear we must part | Don't let this parting upset you | I'll not forget you, sweetheart || We'll meet again | Don't know where | Don't know when | But I know we'll meet again some sunny day || Keep smiling through | Just like you always do | 'Til the blue skies chase those dark clouds far away || And I will just say hello | To the folks that you know | Tell them you won't be long | They'll be happy to know | That as I saw you go | ou were singing this song || We'll meet again | Don't know where | Don't know when | But I know we'll meet again some sunny day || And I will just say hello | To the folks that you know | Tell them you won't be long | They'll be happy to know | That as I saw you go | You were singing this song | We'll meet again | Don't know where | Don't know when | But I know we'll meet again some sunny day.Hughie Charles / Ross Parker (1939)
ENCONTROS - DESENCONTROS - REENCONTROS
Selecionar as canções duma vida é uma tarefa tão espinhosa como praticar o mesmo exercício a nível dos livros, dos filmes, das artes. Há sempre um ou outro título que fica de fora ou à espera de algum melhor que ocupe o lugar. Depois a cifra dos dias, meses e anos deixados para trás passa a superar em muito os que restam ainda pela frente. As hipóteses de encontrar a tal obra capaz de fazer a diferença do já escrito, rodado e olhado diminuem drasticamente. O mesmo se diga do já cantado, escutado e trauteado. Deste modo, resolvi restringir o pódio a três únicos casos, unidos pelos tópicos poéticos dos regressos em tempo de guerra. Substitui entretanto as medalhas desportivas de ouro, prata e bronze, pelos discos de platina atribuídos pela indústria fonográfica, pelas cópias vendidas ao longo de décadas e décadas bem contadas e à espera de muitas outras que por aí virão.
A primeira ouvi-a cantar em francês por uma espanhola de Múrcia. A Mari Trini, sucederam-se muitas outras vozes provenientes das mais diversas nacionalidades e idiomas a interpretá-la, até chegar à de Rina Kelly, a cantora ítalo-gaulesa de Turim que gravou a versão original da icónica J'attendrai (1938), convertida de imediato num sucesso internacional durante a Segunda Guerra Mundial e num verdadeiro hino de resistência à ocupação germânica do país. De audição em audição, apercebi-me resultar essa chanson da feliz adaptação duma canzone popularizada em Itália pelo Trio Lescano e Quartetto Jazz Funaro, a Tornerai (1937), que Nino Rastelli e Dino Olivieri criaram inspirados no «Coro a bocca chiusa» da Madama Butterfly de Giacomo Puccini. E assim o «Tornerai da me perchè l'unico sogno sei del mio cuor» se transformou no «J'attendrai jour et nuit, j'attendrai toujours ton retour».
Descobri a história da segunda canção escolhida nas poltronas superdeslizantes do extinto cinema Londres, localizado então na avenida de Roma em Lisboa. Tive como contador privilegiado Rainer Werner Fassbinder, realizador Lili Marleen (1981) protagonizado por Hanna Schygulla, a intérprete dum Lied escrito por Hans Leipe e musicado por Norber Schultze no decorrer de dois conflitos bélicos travados à escala mundial. Até então identificava a composição com Marlene Dietrich, que os cantava tanto em inglês como em alemão. A semelhança sonora dos nomes terá ajudado nessa associação. Só mais tarde é que vim a devolver a Lale Andersen o lançamento absoluto da Lili Marleen (1939) num vinil de 78rpm da Electrola 6993. E os acordes musicais voltaram a soar com toda frescura do original que as palavras vertidas para todas as línguas continuam a fascinar-me sempre que as ouço.
Concluo a triangulação às separações forçadas e regressos adiados em forma de gritos cantados com o contributo britânico de Vera Lynn no We'll Meet Again (1939), um cântico de despedida antes da frente de batalha, idealizado por Hughie Charles e Ross Parker. Os encontros-desencontros-reencontros latentes na mais famosa song inglesa dos tempos da grande guerra civil europeia que incendiou o mundo continuam vivos na nossa memória coletiva. Chegam-nos sempre que os ecos distantes da barbárie Nazi são atualizados nas contendas marciais desencadeados dia após dia, noite após noite à escala planetária, reproduzidos todos eles em direto pelos canais televisivos globais postos à nossa disposição. Instantaneamente. Hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo. E a nós só nos resta perguntar até quando teremos de esperar por esse sol sem sombras evocado na canção.
Apreciei muito as escolhas e o porquê das mesmas.
ResponderEliminarDeixa-me a pensar…
Emocionalmente contundentes. O texto expõe a intensidade refletida nos conteúdos evocados. Revejo vivamente memórias ancestrais.
ResponderEliminarTrês canções intemporais, na verdade, que tão bem nos fazem à alma quando as ouvimos. Dão-nos alento para acreditar em tempos humanos melhores, quando as emissões televisivas nos agridem constantemente com imagens inconcebíveis para o século XXI... O homem é o lobo do homem!
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