21 de outubro de 2014

Uma tisana com gabardina

Teatro do Bairro

Tisanas: um antídoto contra o cinzento dos dias (2012)


TISANA 161


A mulher é logo em criança educada para a prolongada tarefa de alimentação do homem. Adulta diz o resto da vida com ternura de ferro: come meu esposo come meu filho (Quando a minha filha era pequena eu dava-lhe de comer à colher. Como ela detestava sopa cuspia-a sobre a minha cara. A sopa acabava escorrendo pelo meu vestido. Mas um dia passei a dar-lhe de comer de gabardina).

Ana Hatherly, 351 Tisanas. Lisboa: Quimera (1997)

2 comentários:

  1. Gosto mais de ver a mulher como alguém que leva a peito o seu papel de mãe/mulher, por isso não desiste nem que para isso tenha que vestir uma gabardina...

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  2. Bela ideia! Tanta vez tive de mudar de roupa à pressa... E quando chegamos a velhas, come-se a sopa de babete, de novo crianças...
    E a tisana é mesmo uma companhia para o cinzento dos dias, ajudando a descontrair na companhia de um bom livro, com música ao fundo...

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