13 de junho de 2016

Arraiais, marchas, manjericos e fogueiras de Santo António

Santo António a pregar aos peixes
[Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa]

Os padroeiros de Lisboa

Celebra-se hoje o feriado municipal da capital, por ter sido neste dia que Fernando de Bulhões, conhecido entre nós como Santo António de Lisboa, faleceu em Pádua, corria o ano de 1231. Justa homenagem prestada ao mais ilustre taumaturgo, teólogo, asceta, místico e orador nascido na cidade entre 1191 e 1195.

Acontece que essas honrarias são regra geral concedidas ao padroeiro local, coisa que o frade Agostinho tornado Franciscano, canonizado por Roma e designado Doutor da Igreja nunca foi. A escolha recaiu primeiro nos irmãos gémeos São Crispim e São Crispiano, depois trocados por São Vicente de Fora.

Como prémio de compensação, foi proclamado segundo padroeiro do país por Pio XI. O primeiro posto é ocupado desde os tempos de D. João IV pela Imaculada Conceição, também coroada rainha de Portugal. Santos de casa não fazem milagres. Está bem de ver. Que se vá buscar lá fora aquilo que cá dentro não se obtém.

O povo de Lisboa escolheu-o para patrono. Tornou-o casamenteiro. Dedicou-lhe arraiais e ergueu-lhe altares. -lo a pular fogueiras e a assar sardinha. Levou-o a queimar alcachofras e a regar manjericos. Convidou-o a marchar na avenida a noite toda. Afinou os cavalinhos, bailou e cantou. E se assim é, que a festa dure até ser dia.

3 comentários:

  1. E castigou-o quando não satisfez os pedidos. Santo sofre! A minha admiração para este orador nato, estudioso e amigo da humanidade!

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  2. O espírito mercantilista de matriz judaico-cristã modelada pelo pragmatismo da Roma imperial bem patente nestas negociatas dos mortais com o transcendente. Ou cumpres o contratado ou sofres as consequências...

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  3. Uma história de vida riquíssima que fez dele um santo popular muito festejado e venerado pelo povo, mas menos conhecido como um grande homem da cultura.

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