3 de setembro de 2016

A rainha e as três filhas


Fragmento de fragmentos...

A rainha tinha três filhas.
Depois de governar todo o seu reino, estava agora velha, e muito doente.
Sentindo-se morrer, mandou chamar a filha mais velha:
– Vai à floresta negra descobrir a bruxa que me pode curar.
A floresta negra não tinha nome. Era a floresta negra.
A filha, que era cautelosa, respondeu:
– A viagem é perigosa. Se eu não voltar, nem tu nem eu poderemos governar o reino.
A rainha mandou chamar a segunda filha, que era invejosa.
– Porque hei de arriscar-me? – respondeu – Morre uma rainha, outra se segue, a mim tanto se me faz.
A rainha mandou chamar a terceira filha, que era bondosa.
– Irei – respondeu esta – Se morrer, não me importo. Ser terceira filha também não tem grande graça.
– Serás minha herdeira – disse a rainha. E sorriu.
Com a poção da bruxa contava tornar-se eterna.
Tanto tempo se passou que as duas irmãs mais velhas se esqueceram da terceira. Um dia chegou uma carta...
Maria Isabel Barreno, Inventário de Ana (1982)

NOTA:
No dia em que as Três Marias passaram a ser só duas. Maria Isabel Barreno (10.07-1939-3.09.2016) partiu para o país da imaginação, aquele onde o sonho de infinito se torna realidade. 

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