Fragmento de fragmentos...
A rainha tinha três filhas.
Depois de governar todo o seu reino,
estava agora velha, e muito doente.
Sentindo-se morrer, mandou chamar a filha
mais velha:
– Vai à floresta negra descobrir a bruxa
que me pode curar.
A floresta negra não tinha nome. Era a
floresta negra.
A filha, que era cautelosa, respondeu:
– A viagem é perigosa. Se eu não voltar,
nem tu nem eu poderemos governar o reino.
A rainha mandou chamar a segunda filha,
que era invejosa.
– Porque hei de arriscar-me? – respondeu –
Morre uma rainha, outra se segue, a mim tanto se me faz.
A rainha mandou chamar a terceira filha,
que era bondosa.
– Irei – respondeu esta – Se morrer, não
me importo. Ser terceira filha também não tem grande graça.
– Serás minha herdeira – disse a rainha. E
sorriu.
Com a poção da bruxa contava tornar-se
eterna.
Tanto tempo se passou que as duas irmãs
mais velhas se esqueceram da terceira. Um dia chegou uma carta...
Maria Isabel Barreno, Inventário de Ana (1982)
NOTA:
No dia em que as Três Marias passaram a ser só duas. Maria Isabel Barreno (10.07-1939-3.09.2016) partiu para o país da imaginação, aquele onde o sonho de infinito se torna realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário