O ovo estrelado
No final da década de 60 passei rapidamente da condição de finalista do ensino secundário para caloiro do ensino superior. Nem deu tempo para respirar. Na receção dos caloiros fui logo brindado com um ovo estrelado que me convidaram a usar na lapela até à categoria de veterano ou algo parecido. Um grande 90. Traduzindo por miúdos, vi-me compungido a informar os demais que a minha rodagem naqueles circuitos académicos era inferior a um ano. Assim exigia então o código da estrada a quem tivesse a carta há menos de 365 dias. Uma mensagem magistral curta e eficaz.
Não me perfumaram com bosta de vaca ou tripas de peixe. Não me grafitaram a cara ou vandalizaram a roupa. Não me besuntaram o cabelo e cobriram de farinha branca de neve ou de família menos nobre. Não me cobriram dos pés à cabeça com tintas de origem duvidosa. Não me arrastaram pelo chão. Não me obrigaram a dizer ou a fazer o que não queria. Só me convidaram a usar o tal ovo estrelado como insígnia escolástica duma peripatética debutante. Uma penúria completa na arte de praxar a torto e a direito. Tudo se passou na paz dos anjos que as guerras à data eram outras.
Nas décadas que agora correm os ritos iniciáticos de passagem e in-tegração ganharam um novo ritmo. Desenterraram-se as velhas pra-xes dum passado remoto e reinventaram-se outras mais prafrentex. E o cortejo lá vai cantando e rindo avenida acima, avenida abaixo. Líricas de primeira apanha a martirizar os ouvidos de quem passa com os top-ten pimba do momento. Fora do campus onde me encontro. Longe da vista, longe do coração. A tranquilidade reina por estas bandas. A dispensa das aulas obteve o nihil obstat reitoral. Preencham-se os dias ao sabor da maré. Gaudemus, hallelujah!
Não me perfumaram com bosta de vaca ou tripas de peixe. Não me grafitaram a cara ou vandalizaram a roupa. Não me besuntaram o cabelo e cobriram de farinha branca de neve ou de família menos nobre. Não me cobriram dos pés à cabeça com tintas de origem duvidosa. Não me arrastaram pelo chão. Não me obrigaram a dizer ou a fazer o que não queria. Só me convidaram a usar o tal ovo estrelado como insígnia escolástica duma peripatética debutante. Uma penúria completa na arte de praxar a torto e a direito. Tudo se passou na paz dos anjos que as guerras à data eram outras.
Nas décadas que agora correm os ritos iniciáticos de passagem e in-tegração ganharam um novo ritmo. Desenterraram-se as velhas pra-xes dum passado remoto e reinventaram-se outras mais prafrentex. E o cortejo lá vai cantando e rindo avenida acima, avenida abaixo. Líricas de primeira apanha a martirizar os ouvidos de quem passa com os top-ten pimba do momento. Fora do campus onde me encontro. Longe da vista, longe do coração. A tranquilidade reina por estas bandas. A dispensa das aulas obteve o nihil obstat reitoral. Preencham-se os dias ao sabor da maré. Gaudemus, hallelujah!
É muito agradável o encontro com a geração nova cheia de energias.. quando não se esquecem que o respeito é devido a quem anda nas ruas e nos transportes públicos. Quanto às praxes, venha o diabo e explique quando os ritos são de gosto duvidoso...
ResponderEliminarO ritual da praxe tem passado por diversas modas, consoante a universidade… nunca apreciei.
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