ALIANÇA ANGLO-PORTUGUESA [16 de junho de 1373] Prato de porcelana da Vista Alegre comemorativo do 600.º aniversário |
Ambas as coisas...
A Fábrica de Porcelana da Vista Alegre produziu em 1973 um prato comemorativo do 600.º aniversário da mais antiga aliança diplomáti-ca do mundo, assinada em 16 de junho de 1373, em Westminster, em nome de D. Fernando I de Portugal e de Eduardo III de Inglater-ra. Está decorado com as armas reais das casas de Borgonha e Plantageneta, e os atuais brasões da República Portuguesa e do Reino Unido, sobre fundo azul e ouro. Faz-se ainda acompanhar dum dístico elucidativo da efeméride e de duas rosas heráldicas identificativas dos dois soberanos, a branca do bisneto da Rainha Santa Isabel e a vermelha do avô da Rainha Filipa de Lencastre.
O tratado estabelecido pelas duas coroas frutificaria por séculos, para proveito mútuo das partes envolvidas. As rivalidades com Castela, pela soberania dos tronos peninsulares, ou com França, pela hegemonia dos impérios globais, levaria ao reforço desse acordo. Entre todos, destacam-se os tratados de Windsor (1386) e Methuen (1703). Pelo meio, ficaram os pactos acordados pelas casas de Bragança e Stuart, aquando da Guerra de Restauração (1640-1668). À luz das relações luso-britânicas, viver-se-á o Bloqueio Continental (1806-1814). À sua sombra, o Mapa Cor-de-Rosa desencadeará a humilhação portuguesa do Ultimato Inglês (1890).
Todas as rosas têm espinhos. As da paz e as da guerra. El-rei D. Fernando I, o Formoso ou o Inconstante, enquadra-se bem neste conceito. Tanto assinava tratados de amizade como os rasgava de seguida. Manteve a palavra com Inglaterra, quebrou-a com Castela. Esta caráter bipolar é confirmado na sentença que dá alma ao cor-po da divisa Cur non untrunque, pedida emprestada a Santo Agos-tinho (Confissões: xii, 32). «Por que não ambas as coisas?». Ser brando com uns e duro com outros. Estar bem com Deus e com o Diabo. Por um qualquer motivo, lembrei-me do Brexit. Sair da Euro-pa e ficar na Europa. Ubiquidade britânica que o tempo esclarecerá.
Todas as rosas têm espinhos. As da paz e as da guerra. El-rei D. Fernando I, o Formoso ou o Inconstante, enquadra-se bem neste conceito. Tanto assinava tratados de amizade como os rasgava de seguida. Manteve a palavra com Inglaterra, quebrou-a com Castela. Esta caráter bipolar é confirmado na sentença que dá alma ao cor-po da divisa Cur non untrunque, pedida emprestada a Santo Agos-tinho (Confissões: xii, 32). «Por que não ambas as coisas?». Ser brando com uns e duro com outros. Estar bem com Deus e com o Diabo. Por um qualquer motivo, lembrei-me do Brexit. Sair da Euro-pa e ficar na Europa. Ubiquidade britânica que o tempo esclarecerá.
Muito bom e interessante.
ResponderEliminarAs relações entre reinos e paises sempre tiveram duas caras, consoante os interesses e as forças em jogo. Acho que faz parte das relações intrinsecas de poder.
Uma feliz rec$ordação das alianças britânicas... A Inglaterra foi sempre perita em defender os seus interesses e Portugal foi uma vítima constante. Vamos lá a ver se a UE terá garras para assinar um acordo decente...
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