3 de setembro de 2018

Ana Hatherly, da experiência do prodígio ao prodígio da experiência

            A noção de escrita alargou-se
            a TUDO
            a QUASE TUDO
            porque escrita é sinónimo de IMAGEM

Ana Hatherly, A idade da escrita (2005)
Voltei a cruzar-me com a Ana Hatherly num local especial. Mágico. Desta vez foi na Casa da Cerca, em Almada. E A experiência do prodígio (1983) transformou-se n'O prodígio da experiência (2018). As bases teóricas dos textos-visuais barrocos dos séculos xvii e xviii expostas em livro converteram-se numa exposição visual neobarroca dos séculos xx e xxi. Prodigiosas as formas que a arte inventa de se reinventar constantemente.

Os labirintos, acrósticos, anagramas, emblemas e empresas, rebus, enigmas, a escrita ropálica e o texto-amuleto, os calígrafos, os ecos, os versos centónicos ou mosaicos, as macarróneas e versos de línguas juntas, os lipogramas e versos de cabo roto antologiados pela ensaísta cedem passo à poesia experimental e visual da artista plástica exibidas ao público a partir das obras do Arquivo Fernando Aguiar. Portentoso o resultado final da mostra.

E na antiga Quinta da Cerca, o Centro de Arte Contemporânea, ro-deado de jardins paradisíacos debruçados sobre o Tejo e Lisboa em pano de fundo, ofereceu-me O escritor invadido pelo escritor (1974). Pintura, poesia, escrita, desenhoTextos entre tecidos / entretecidos a escrever a escrita. Experiências prodigiosas / prodígios experimen-tais. E a Ana Harthely lembrou-me que o Escrever é falar com o silêncio & Falar é escrever com o silêncio (1979).

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