11 de março de 2019

As Plêiades do Magnânimo

CHAFARIZ DAS CINCO BICAS
(Caldas da Rainha)

CARTELA & LETREIRO

1749
COELI BENEFICIO SALUBRIU REGIS MUNIFICIENCIA PRERENIU PLEIADUM QUE ALIAE QUINQUE, SAT UNDE BIBAS

Dom João V elevou o olhar para as sete Plêiades da constelação do Touro e distribuiu-as pelos três fontanários que mandou erigir na rainha das caldas dos seus reinos e senhorios, espalhados pelos quatro cantos da terra. Corria então o ano da graça de 1749.

Pegou numa delas e transformou-a numa bica estrelar a jorrar água cristalina no chafariz da estrada da Foz. Para que não houvesse dúvidas de identificação, mandou gravar em latim, a língua global da época: PLEIADUM PRIMA HEC EST (= esta é a primeira Plêiade).

No chafariz da rua Nova, levantado junto ao Hospital Termal e ermida do Espírito Santo, reservou outra bica a outra das filhas de Atlas e Pleione. Ali continua a satisfazer todos os sequiosos. Em latim esculpido lê-se: PLEIADUM QUE SECUNDA (= é a segunda Plêiade).

As restantes irmãs míticas moram no chafariz das Cinco Bicas, às portas da Mata Real. A versão portuguesa da cartela e letreiro reza: E estas as outras cinco Plêiades, de onde beberás quando quiseres, saudáveis por benefício do céu, sempre correndo por mercê do Rei.

A retórica joanina escusou-se de identificar cada uma das deidades gregas. A metamorfose de Electra em cometa e das bodas de Mérope com um mortal leva-nos a localizá-las nas duas bicas isoladas. Maia, Taigete, Alcíone, Celeno e Asterope ficariam então na terceira.

A alocação de cinco Plêiades num espaço talvez se deva ao facto do Magnânimo ter sido o quinto monarca de nome João e aspirar ao epíteto estelar de Rei Constelação. Afinal, o seu esplendor não ficava em nada atrás do fulgor do Rey Planeta e do brilho do Roi Soleil. Avé!

As sete Plêiades de Sua Majestade Fidelíssima 
Estrada da Foz (1) + Rua  Nova  (1) + Mata Real (5) 

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