Dona Maria I & Dom Pedro III Miguel António do Amaral (1710-1780) [Lisboa, Museu Nacional dos Coches] |
Primeiro aos meus, depois aos alheios...
Quando andava na quarta classe a decorar a lista completa dos reis e rainhas de Portugal, fez-me alguma confusão o facto de se passar dum Pedro II para um Pedro IV, sem se referir em parte alguma a existência dum Pedro III. Cheguei a levantar a hipótese de se tratar dum lapso cometido pelo manual de História adotado. Mais tarde apercebi-me tratar-se do marido de Dona Maria I. Descobri também que o primeiro rei consorte português era tio paterno da primeira rainha soberana portuguesa. Negócios ancestrais de família que as cabeças coroadas de antanho tão bem sabiam gerir.
A fina flor brasonada sempre tentou preservar os privilégios que teria recebido ab æterno por graça divina. E como estabelecer relações matrimoniais entre primo e prima ou cunhado e cunhada passou a ser coisa corriqueira, que se case o tio com a sobrinha. Foi o que fez Dom Afonso V de Avis com Joana de Trastâmara, convertendo a Beltraneja em Excelente Senhora para assim se tornar consorte real de jure da rainha de facto de Leão e Castela. Projetos dinásticos falhados do Africano nos resultados indecisos obtidos na Batalha do Toro. Por vezes tem-se mais olhos que a barriga.
Face às endogamias aristocráticas referidas, as familygates plebeias reportadas pelos mass media são coisa miúda e de pouco valor. É verdade que em termos práticos, a Monarquia continua a dar cartas à República. Esta bem se esforça por manter uma certa carga fidalga de sangue azul no dia a dia que corre. Substitui-se a rainha consorte por uma primeira-dama de pacotilha, figura protocolar inexistente entre nós, mas tratada como se existisse ou tivesse suporte legal para tal. Invenção de pouca monta que em nenhum caso terá de ser tia ou sobrinha do chefe de estado seu marido.
A fina flor brasonada sempre tentou preservar os privilégios que teria recebido ab æterno por graça divina. E como estabelecer relações matrimoniais entre primo e prima ou cunhado e cunhada passou a ser coisa corriqueira, que se case o tio com a sobrinha. Foi o que fez Dom Afonso V de Avis com Joana de Trastâmara, convertendo a Beltraneja em Excelente Senhora para assim se tornar consorte real de jure da rainha de facto de Leão e Castela. Projetos dinásticos falhados do Africano nos resultados indecisos obtidos na Batalha do Toro. Por vezes tem-se mais olhos que a barriga.
Face às endogamias aristocráticas referidas, as familygates plebeias reportadas pelos mass media são coisa miúda e de pouco valor. É verdade que em termos práticos, a Monarquia continua a dar cartas à República. Esta bem se esforça por manter uma certa carga fidalga de sangue azul no dia a dia que corre. Substitui-se a rainha consorte por uma primeira-dama de pacotilha, figura protocolar inexistente entre nós, mas tratada como se existisse ou tivesse suporte legal para tal. Invenção de pouca monta que em nenhum caso terá de ser tia ou sobrinha do chefe de estado seu marido.
Ou seja, o poder sempre encontrou formas de manter os seus privilégios. Os fins justificam os meios, ou pelo menos assim foi decretado desde o início dos tempos. A monarquia até conseguiu impor a ideia de que o poder absoluto lhe era devido por graça divina... Outros tempos... Mas a noção de ética mudou. Que seja pelo respeito dos direitos do povo, que é sempre o elo mais fraco...
ResponderEliminarQue seja pelo respeito inalienável dos direitos dos governados e da competência comprovada dos governantes, para que a ética republicana funcione nos dois sentidos...
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