«Vamos para essa casa iluminada | sem candeia. Às vezes, muitas vezes | cantaremos || [...] || Vamos para essa casa iluminada sem candeia. | espadeirando o escuro. Que noite prodigiosa | é o futuro.»Lídia Jorge, O livro das tréguas (2019)
Com a origem, com os preceitos, com os factos, com as fábulas, com o tempo, fez Lídia Jorge O livro das tréguas (2019), a sua primeira obra de poesia dada à estampa. Foi a um arquivo mais vasto com a designação genérica de Outras narrativas e revelou-nos algumas delas compostas em momentos e circunstâncias diversas. Cinco dezenas para ser mais preciso, para assim nos confiar uma espécie de autobiografia consentida. A confidência é-nos transmitida numa Nota final, conjuntamente com outros apontamentos referentes à natureza dos textos coligidos.
Acontecimento, criatura, regresso, reserva, iniciação, são palavras singulares que sintetizam uma mão cheia de propostas versificadas em rimas livres pintadas de todas as cores visíveis e invisíveis dum raio de luz, manifestos programáticos dum percurso por uma escrita povoada de muitas histórias com histórias dentro. Verdadeiras autografias, para referir uma unidade significativa nova por si gizada e com a sonoridade lírico-narrativa de todas as fábulas que lhe enchem a cabeça e a habitam nas suas memórias longínquas num tempo que foi e que será.
A infância do mundo, a meio do caminho, a tenda à beira da estrada, a casa de família, a grande cidade, são alguns dos tópicos em verso que a verve criativa da vate deu corpo em prosa poética plasmada em contos, dramas e romances. A genialidade mora em todos esses fragmentos de vida fictícia com textura factual. As palavras faltam-nos quando falamos de poesia sem ser poetas. Só nos resta recorrer às palavras ditas por quem as sabe dizer melhor que ninguém. Escutemo-las no silêncio de quem lê palavras alheias como se fossem suas.
Desejos, vinganças, perseguições, punições, pazes a darem notícias prodigiosas de fagulhas de fogo e salpicos de lama. Combates travados de dia e de noite. Filhos dos anjos, sem pelos, sem cascos, sem asas sem roupa, sem pão, sem massa. Poesia integral a dar novos sentidos às narrativas em prosa versificada. Tréguas. Pedra das montanhas, lugar dos ninhos, homens da terra, ondas do mar, sombras de uma sombra. Amor, fogo, paixão, bem, mal, vida e morte. Palavras ditas e reditas ao sabor da pena, manchas no papel, depois de impressa a tinta...
Acontecimento, criatura, regresso, reserva, iniciação, são palavras singulares que sintetizam uma mão cheia de propostas versificadas em rimas livres pintadas de todas as cores visíveis e invisíveis dum raio de luz, manifestos programáticos dum percurso por uma escrita povoada de muitas histórias com histórias dentro. Verdadeiras autografias, para referir uma unidade significativa nova por si gizada e com a sonoridade lírico-narrativa de todas as fábulas que lhe enchem a cabeça e a habitam nas suas memórias longínquas num tempo que foi e que será.
A infância do mundo, a meio do caminho, a tenda à beira da estrada, a casa de família, a grande cidade, são alguns dos tópicos em verso que a verve criativa da vate deu corpo em prosa poética plasmada em contos, dramas e romances. A genialidade mora em todos esses fragmentos de vida fictícia com textura factual. As palavras faltam-nos quando falamos de poesia sem ser poetas. Só nos resta recorrer às palavras ditas por quem as sabe dizer melhor que ninguém. Escutemo-las no silêncio de quem lê palavras alheias como se fossem suas.
Desejos, vinganças, perseguições, punições, pazes a darem notícias prodigiosas de fagulhas de fogo e salpicos de lama. Combates travados de dia e de noite. Filhos dos anjos, sem pelos, sem cascos, sem asas sem roupa, sem pão, sem massa. Poesia integral a dar novos sentidos às narrativas em prosa versificada. Tréguas. Pedra das montanhas, lugar dos ninhos, homens da terra, ondas do mar, sombras de uma sombra. Amor, fogo, paixão, bem, mal, vida e morte. Palavras ditas e reditas ao sabor da pena, manchas no papel, depois de impressa a tinta...
Uma incursão no mundo da poesia a não perder! Lídia Jorge nunca me desiludiu...
ResponderEliminarUma incursão tão feliz por estas novas narrativas em verso como sempre o foi em prosa. Só podia...
ResponderEliminarMagnifico texto, extraordinária escritora, gosto tanto de a ler...
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