A Guide Map of Joyce's Dublin |
Na pista de James Joyce & de Leopold Bloom
Andei anos a fio atrás duma velha edição do Ulisses de James Joyce. Lia uma ou outra página, pulava de capítulo em capítulo, tentava cap-tar a lógica interna escondida em cada uma das suas partes e punha de lado o livro à espera de melhores dias. O meu conhecimento superficial da Odisseia de Homero explicou sempre essa inabilidade de mergulhar em profundidade no romance considerado pelos críticos como o suprassumo da modernidade literária europeia. À distância cavada pelo tempo, posso considerar esse pega e larga sem chegar a bom porto como uma fase pretérita de não-leitura.
Um percurso académico feito de andanças pelos trilhos das letras levou-me amiúde a deter-me nas comissuras traçadas pelas matrizes culturais greco-romana e judaico-cristã. Os universos da epopeia em verso antiga abriram-me caminhos seguros para cruzar os universos modernos da epopeia em prosa, vulgarmente designada de conto, novela e romance. Ulisses entrecruzou-se facilmente com Leopold Bloom, o primeiro a navegar pelos trilhos marítimos do Mediterrâneo, o segundo a trilhar as ruas e ruelas da capital da Irlanda. Os dois caminharam lado a lado e a interleitura cumpriu-se.
Um percurso académico feito de andanças pelos trilhos das letras levou-me amiúde a deter-me nas comissuras traçadas pelas matrizes culturais greco-romana e judaico-cristã. Os universos da epopeia em verso antiga abriram-me caminhos seguros para cruzar os universos modernos da epopeia em prosa, vulgarmente designada de conto, novela e romance. Ulisses entrecruzou-se facilmente com Leopold Bloom, o primeiro a navegar pelos trilhos marítimos do Mediterrâneo, o segundo a trilhar as ruas e ruelas da capital da Irlanda. Os dois caminharam lado a lado e a interleitura cumpriu-se.
Aterrei em Dublin em 2006 no rasto das rotas homéricas que o herói joyciano ali fizera a 16 de junho de 1904, o Bloomsday. As placas lite-rárias semeadas a cada passo facilitaram-me a tarefa. Afinal estava no país com a maior taxa de leitores do mundo e uma livraria a cada esquina, na cidade-berço de poetas, novelistas, dramaturgos e filóso-fos. Jonathan Swift, William Butler Yeats, Oscar Wilde, Bernard Shaw e Samuel Beckett são só alguns deles. Visitei o autor do Gulliver's Travels na St Patrick's Cathedral e estive com todos eles na Libray of the Trinity College. Parnaso de criadores divinos descidos à terra.
No ano em que andei pela cidade de James Joyce na pista de Leopold Bloom, foi também o ano em que John Boyne a vestiu como O rapaz do pijama às riscas. Os ecos helénicos do Pacto dos Heróis e da Guerra de Troia calaram-se nessa temporada no coração do país gaélico para ouvir os ecos germânicos da Solução Final e do Holocausto. Um Bloomsday épico transformado num Doomsday trágico. O real e o imaginário de mãos dadas através da literatura para questionarem a insanidade humana de todos os tempos. Os míticos de antanho e os históricos da hodiernidade.
No ano em que andei pela cidade de James Joyce na pista de Leopold Bloom, foi também o ano em que John Boyne a vestiu como O rapaz do pijama às riscas. Os ecos helénicos do Pacto dos Heróis e da Guerra de Troia calaram-se nessa temporada no coração do país gaélico para ouvir os ecos germânicos da Solução Final e do Holocausto. Um Bloomsday épico transformado num Doomsday trágico. O real e o imaginário de mãos dadas através da literatura para questionarem a insanidade humana de todos os tempos. Os míticos de antanho e os históricos da hodiernidade.
Depois de o ler a si, Artur, a Odisseia e Ulisses aguardam juntas a minha atenção...
ResponderEliminarForça! Apesar de mais antigas, as errâncias fabulosas da «Odisseia» helénica são bem mais fáceis de seguir do que as realistas do «Ulisses» irlandês...
ResponderEliminarNunca li Ulisses de James JOyce mas, depojs deste texto que me recorda também a descoberta sempre adiada a Dublin, é uma leitura a perseguir.
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